12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoAg. Financiadora: Secretaria da Saúde
Introdução: O primeiro caso de COVID-19 (Corona Virus Disease-19), causada pelo SARS-CoV-2, no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020 em São Paulo (SP) e o primeiro óbito pela doença foi registrado em 17 de março. Desde então, o Centro de Patologia (CPA) do Instituto Adolfo Lutz - IAL, Laboratório Central de Saúde Pública do Estado de SP, é o principal responsável pelo diagnóstico do SARS-CoV-2 e o CPA, como departamento de investigação laboratorial de óbitos por doenças infectocontagiosas, atua na elucidação dos óbitos suspeitos de infecção pelo SARS-CoV-2.
Objetivo: Fazer uma análise descritiva dos óbitos por síndrome respiratória aguda (SRAG), encaminhados ao CPA para identificação do SARS-CoV-2, entre março e agosto de 2020.
Metodologia: Foi realizado um estudo transversal retrospectivo a partir dos dados demográficos e laboratoriais de casos notificados como óbito por SRAG no Estado, com hipótese diagnóstica de COVID-19. Por se tratar de estudo retrospectivo de casos de óbito de ampla distribuição geográfica, utilizando dados da vigilância, o uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi dispensado.
Resultados: Foram recebidos 2099 óbitos com causa associada ao SARS-CoV-2. A maioria era de indivíduos do sexo masculino (n=1259; 60%),>65 anos (n=1202; 57%). Apenas em 627 casos (30%) foi confirmado a presença do Sars-CoV-2 e, dentre estes, a maioria continuou sendo do sexo masculino (n=375; 60%)>65 anos (n=375; 60%). Os municípios com maior frequência de óbitos positivos foram São Paulo (n=147, 23%); Osasco (n=51, 8%) e Campinas (n=39, 6%).
Discussão/Conclusão: Os resultados corroboram a alta frequência de casos graves que eventualmente evoluem para óbito entre os idosos. Os municípios com maior número de óbitos detectáveis para SARS-CoV-2 em nossa casuística se localizam na região Sudeste do Estado, e estão entre os mais populosos e com elevado número de casos notificados/óbitos confirmados: São Paulo (n=282.726/12.384), Osasco (n=13.126/762) e Campinas (n=30.426/1.184). Estudos filogeográficos possibilitarão a identificação de prioridades locorregionais por localização espacial e suas relações com o ambiente. Isso terá implicações no rastreamento epidemiológico e identificação de conexões com surtos de outros países, permitindo o estabelecimento de possíveis rotas de introdução. Neste contexto, é crucial o reconhecimento do IAL durante pandemia e o fortalecimento dos institutos de pesquisa para que possam atuar na vigilância diagnóstica e epidemiológica.