12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoSessão: TEMAS LIVRES | Data: 01/12/2020 ‐ Sala: 1 ‐ Horário: 18:25‐18:35
Introdução: A cada dia é maior a procura pelas cirurgias de substituição articular para restaurar a capacidade funcional e a mobilidade de pacientes que sofrem com sintomas dolorosos. A infecção de artroplastia (IAR) é uma das complicações mais temidas e apesar dos cocos gram‐positivos (CGP) corresponderem em aproximadamente 60%‐ 80% das causas da IAR, os bacilos gram‐negativos (BGN) crescem em prevalência e a ocorrência de cepas multidroga resistentes (MDR) e extensivamente resistentes (XDR) tornam esse tipo de infecção um desafio para tratamento.
Objetivo: O objetivo do estudo é identificar os fatores que influenciam o desfecho do tratamento de pacientes com IAR por BGN ‐MDR e XDR.
Metodologia: Estudo observacional, unicêntrico, tipo coorte retrospectiva em pacientes com IAR por CGP e BGN que realizaram artroplastia de janeiro de 2014 a julho de 2018. IAR foi definida de acordo com os critérios do MSIS, MDR como a não susceptibilidade a pelo menos um agente em 3 ou mais categorias antimicrobianas e XDR como a ausência de susceptibilidade a pelo menos um agente em todas as classes excetuando‐se 2. Falha foi definida como recidiva infecciosa (necessidade de outro desbridamento para controle de foco após fim de tratamento ou artroplastia de ressecção ou uso de terapia supressiva) e óbito por qualquer razão. Para avaliar os fatores relacionados a falha foi utilizado o teste de Kaplan‐Meier e Log‐Rank e posteriormente, a regressão de Cox identificou as variáveis preditoras que influenciaram o desfecho. Considerou‐se variáveis significantes as que demonstraram p<0,05.
Resultados: No total foram incluídos 98 pacientes, 26 BGN‐XDR, 30 BGN‐MDR e 42 NÃO BGN‐MDR. Fatores relacionados a falha foram infecção por BGN‐XDR (p=0,044), presença de comorbidades (p=0,044), desnutrição (p=0,042) e artroplastia não‐eletiva (p=0,045). No modelo multivariado um paciente com IAR XDR tem 2,3 vezes mais risco de falha quando comparada a IAR por NÃO BGN‐MDR enquanto um paciente com comorbidades tem 2,9 vezes mais risco de falha do que um paciente sem comorbidades. Não houve diferença entre risco de falha entre IAR por BGN‐MDR quando comparado a NÃO‐ BGN‐MDR (p=0,264), infecção por BGN em geral versus CGP (p=0,217) como também a estratégia cirúrgica desbridamento e retenção quando comparado a troca dos implantes (p=0,842).
Discussão/Conclusão: IAR por BGN‐XDR e presença de comorbidades são fatores associados a falha de tratamento das IAR.