XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA tuberculose osteoarticular é uma apresentação rara da doença, correspondendo a apenas 1-3% dos casos e o acometimento de arco costal é extremamente incomum, principalmente em crianças. Descrevemos o caso de uma lactente com tuberculose de arco costal, como diagnóstico diferencial de neoplasia óssea.
Descrição do casoLactente, sexo feminino, 1 ano e 4 meses, atendida no Hospital Oswaldo Cruz- Recife, com história de tumoração endurecida em tórax há 3 meses, com crescimento progressivo, sem sinais flogísticos ou sintomas sistêmicos associados. Lactente previamente hígida, calendário vacinal atualizado e sem epidemiologia conhecida para Tuberculose.Exame físico normal, exceto por uma área cicatricial palpável em topografia de arco costal à esquerda, sem sinais flogísticos ou lesões de pele adjacentes. A paciente já havia sido investigada em outros serviços, recebendo um diagnóstico provável de neoplasia óssea, devido aos achados de uma Ressonância magnética de Tórax que mostrava uma formação expansiva com componente de partes moles na porção anterior do 8 arco costal, medindo 3,3 × 2,0 cm nos maiores diâmetros. No entanto, o exame histopatológico da lesão revelou um processo inflamatório crônico granulomatoso necrotizante, sem sinais de malignidade. Levantado hipótese de Tuberculose de arco costal e solicitado uma Tomografia de Tórax para avaliar doença pulmonar concomitante (sem alterações) e o Teste de Mantoux, com resultado de 14 mm. Também foram realizados exames laboratoriais, incluindo sorologia para HIV que foi negativa. Após o diagnóstico, foi iniciado o tratamento com Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e incluído Etambutol ao esquema, apesar de ser tratar de uma lactente, pela impossibilidade de se excluir doença vacinal causada pelo Mycobacterium bovis. Paciente segue clinicamente bem, realizando tratamento com duração programada de 12 e acompanhamento oftalmológico pelo uso do Eatmbutol.
ComentáriosA tuberculose de arco costal é uma apresentação clínica rara de tuberculose extrapulmonar em crianças. No entanto, é importante considera-la como um diagnóstico diferencial em casos de tumorações ósseas, especialmente em áreas de alta prevalência da doença como o estado de Pernambuco. No Brasil, onde a a vacina BCG, que contém o Mycobactrerium bovis, é aplicada rotineiramente a todas as crianças ao nascimento, é importante sempre considerar esse tipo de mycobacterium como o agente causal da Tuberculose em lactentes vacinados.