XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA incidência de sífilis congênita no Brasil vem mantendo a tendência de crescimento desde 2016, apesar dos esforços realizados pelos gestores e profissionais de saúde. Dentre as explicações para esse aumento contínuo destaca-se a ausência de tratamento ou oferta inadequada. Logo, torna-se fundamental analisar os tratamentos disponibilizados nos serviços da rede pública de saúde as crianças com sífilis. O objetivo é analisar o tratamento farmacológico das crianças com sífilis congênitas entre 2008 e 2018 no Rio Grande do Norte, Brasil.
MetodologiaEstudo ecológico, com dados secundários das crianças diagnosticadas e notificadas com sífilis congênita, entre 01 de janeiro de 2008 e 31 de dezembro de 2018. Para análise foram calculadas as frequências absolutas e relativas, após importação dos dados para o programa Microsoft Excel. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, parecer no 3.775.828.
ResultadosForam notificados 3.550 casos de sífilis congênita, onde 2.272 (64%) crianças receberam tratamento com Benzilpenicilina cristalina, entre 100.000 e 150.000 UI/kg/dose, por 10 dias. Enquanto isso, 750 (21%) receberam tratamento com outro antibiótico, 170 (5%) foram tratadas com Penicilina G Benzatina 50.000 UI kg/dia/10 dias e 33 (1%) com dose única. Os tratamentos não realizados e ignorados totalizaram 325 (9%).
DiscussãoSegundo o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (2022), o tratamento da sífilis congênita deve ser com Benzilpenicilina procaína a 50.000 UI/kg, IM, uma vez ao dia, por 10 dias ou Benzilpenicilina potássica (cristalina) 50.000 UI/kg, IV, de 12/12h (crianças com menos de 1 semana de vida) e de 8/8h (crianças com mais de 1 semana de vida), por 10 dias. Contudo, durante o período pesquisado, os dados revelaram que apesar da oferta gratuita na rede pública de saúde, identificou-se casos de tratamento inadequado e ou não ofertado. Este achado sugere despreparo dos profissionais de saúde para atender a população, seguindo as recomendações estabelecidas pelo protocolo do Ministério da Saúde.
ConclusãoNo período analisado, identificou-se que o tratamento farmacológico da sífilis congênita no estado do Rio Grande do Norte foi ofertado de forma inadequada para as criança diagnosticadas e notificadas. Isso revela a necessidade urgente de investimento em capacitação dos profissionais e sensibilização das gestantes para importância da prevenção e tratamento precoce da