XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA troca oportuna dos antimicrobianos intravenosos (IV) para orais é um dos componentes chaves dos programas de stewardship de antimicrobianos. Os benefícios desta prática são a prevenção de reações adversas relacionadas ao cateter, redução de custos e tempo de internação, sem comprometer a segurança e a eficácia do tratamento. Apesar dos benefícios, até dois terços dos pacientes elegíveis permanecem com a via de administração IV. Conhecer o esse cenário pode ser importante para avaliar a necessidade de implantação de guias e protocolos institucionais. O objetivo do estudo foi avaliar a prevalência de prescrições em que ocorreu a mudança de antimicrobianos IV para oral em 72 horas ou após atender aos critérios de elegibilidade e fazer um comparativo entre os grupos de pacientes.
MétodosEstudo transversal qualitativo no período de 1° de junho a 31 de agosto de 2022, realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, Brasil. Os pacientes elegíveis foram divididos em dois grupos de acordo com a aderência a terapia de troca (switch) ou a não aderência (não-switch) e avaliada a prevalência das variáveis: gênero, idade, microrganismo, infecção e antibióticos utilizados por meio da coleta de dados em prontuário eletrônico. Os critérios de inclusão foram pacientes adultos em uso de antibióticos IV elegíveis para mudança da via. Foram excluídos pacientes que usaram antibiótico com finalidade profilática ou que não completaram 72 horas de terapia antimicrobiana. Nessas unidades não contemplavam pacientes gestantes, puérperas, pacientes transplantados ou em tratamento oncológico, portanto não fizeram parte do estudo.
ResultadosDos 157 pacientes que eram elegíveis, apenas 17 casos (10,8%) ocorreram a troca da via IV para oral. Em ambos os grupos o gênero feminino (switch 52,9% e não-switch 55%) e a idade entre 50-80 anos (switch 41,2% e não-switch 47,9%) foram as de maior prevalência. As pneumonias foram as infecções mais prevalentes (switch 38.9% e não-switch 54.9%) e a classe das cefalosporinas também foram mais utilizadas (switch 59.1% e não-switch 49.1%). Em relação aos microrganismos isolados o grupo não-switch teve maior prevalência de Escherichia coli (46,8%), e o grupo switch só tiveram 4 isolados de 17 infecções sendo 2 isolados de Escherichia coli e 2 Enterobacter spp.
ConclusãoOs resultados obtidos demonstram a necessidade emergente de intervenções para o aumento de adesão à terapia de troca IV para oral.