Stenotrophomonas maltophilia tem mostrado participação significativa em infecções nosocomiais, especialmente em pacientes imunossuprimidos, como os que fazem hemodiálise e aqueles com fibrose cística. Falhas clínicas em infecções causadas por bactérias suscetíveis têm chamado a atenção para o fenômeno da tolerância antimicrobiana. Assim, considerando a pressão seletiva imposta pela terapia empírica, especialmente em pacientes imunossuprimidos, buscamos detectar tolerância a antimicrobianos em isolados clínicos de S. maltophilia.
MétodosCinquenta amostras de S. maltophilia confirmadas por MALDI-TOF MS foram testadas para suscetibilidade aos antimicrobianos por microdiluição ou disco-difusão. Apenas as amostras sensíveis foram testadas para tolerância à ceftazidime (CAZ), ciprofloxacina (CIP), levofloxacina (LVX) e ticarcilina-clavulanato (TCC) utilizando uma técnica de disco difusão modificada. Amostras com redução média de halo de inibição menor ou igual ao controle positivo para tolerância (D25) foram consideradas tolerantes.
ResultadosA frequência de resistência antimicrobiana foi de 64% (n = 32), 24% (n = 12) e 2% (n = 1) para CAZ, CIP e TCC, respectivamente. Todas as amostras foram sensíveis à LVX. A tolerância a pelo menos um antimicrobiano foi detectada em 80% das amostras. A frequência de tolerância foi de 40%, 79,5%, 52% e 16,3% para CAZ, CIP, LVX e TCC, respectivamente.
ConclusãoA maioria das amostras clínicas de S. maltophilia apresentaram altas taxas de tolerância aos antimicrobianos, especialmente para CIP, LVX e CAZ, o que pode ser uma preocupação, dado o arsenal antimicrobiano limitado contra esse patógeno.