Programas de stewardship consistem em estratégias que visam uma gestão cuidadosa e responsável do uso de antimicrobianos. Dentre os aspectos que mais impactam o programa está a contaminação de hemoculturas. Sabe-se que o antibiótico teicoplanina é frequentemente administrado quando há suspeita de gram-positivos resistentes no sangue. Ao obter-se um resultado positivo do teste de hemocultura devido à contaminação e não à uma infecção verdadeira há interferência na descontinuação da terapia. O objetivo do projeto é descrever o impacto da contaminação de hemoculturas nos indicadores de consumo de teicoplanina.
MétodosForam auditadas prescrições de teicoplanina de janeiro a julho de 2021 em um hospital quaternário de Niterói, Rio de Janeiro, em associação com o monitoramento de resultados de hemoculturas. Foi considerada inadequada a antibioticoterapia caso existisse contaminação de coleta e o tempo de utilização da teicoplanina fosse superior a 3 dias.
ResultadosDurante os seis meses do estudo, foram analisadas 237 prescrições. A taxa de inadequação terapêutica foi de 59% e foram computados 850 DOTs desnecessários.
ConclusãoAs análises evidenciam ineficiência na prescrição do glicopeptídeo teicoplanina. O uso inadequado da antibioticoterapia expõe o risco de toxicidade aos pacientes, o desenvolvimento de cepas resistentes e os altos custos no tratamento. O presente estudo corrobora com um programa de Stewardship em que o laboratório de microbiologia deve estar inserido, aumentando assim a otimização no uso de agentes antimicrobianos.