A tuberculose continua a ser a doença oportunista mais frequente na população vivendo com HIV/aids (PVHA), sendo fundamental o diagnóstico precoce e tratamento da infecção latente por Mycobacterium tuberculosis (ILMTB) para evitar a progressão para doença ou óbito. Nesse estudo, descrevemos e comparamos a aceitabilidade dos testes tuberculínico (TT) e teste de resposta linfocitária (IGRA) para diagnóstico da ILMTB em PVHA.
MétodosEste é um estudo de corte transversal aninhado ao protocolo “Custo-efetividade do rastreamento da tuberculose latente em população vivendo com HIV/aids - Estudo CERTH”. A avaliação baseou-se em um questionário estruturado com 12 perguntas, utilizando respostas em escala Likert.
ResultadosUm total de 664 participantes responderam ao questionário. Destes, 65% eram homens cis, 37% brancos e 50% pardos, com idade mediana de 46 anos (intervalo interquartil [IIQ] 34-56 anos) e mediana de 11 anos de estudo (IIQ 8-14); 70% já tinham realizado o TT, 6% já haviam falhado em retornar para leitura e 2% não compareceram para a leitura do TT. Porcentagens semelhantes de participantes relataram ter tido medo do exame (6% para TT, 5% para IGRA), enquanto o relato de dor ao realizar o exame foi mais frequente para o TT (13%, IC95% 10-15%) em relação ao IGRA (8%, IC 95% 6-10%). Quanto à probabilidade de recomendar os testes diagnósticos (net promoter score) não observamos diferença significativa entre os testes, com 92 e 93% dos participantes classificados como promotores do TT e IGRA, respectivamente.
ConclusãoNão observamos diferenças clinicamente relevantes na aceitabilidade do IGRA em comparação ao TT. Outros benefícios conhecidos do IGRA (menor demanda de visitas ao serviço, ausência de falha de leitura, ausência de eventos adversos tardios) devem ser considerados na implementação, assim como aspectos ainda em estudo (custo, custo-efetividade, concordância e acurácia).