A tenossinovite tuberculosa é uma entidade rara envolvendo a mão e o punho, com destaque para a bainha do tendão flexor. A grande maioria das infecções por tuberculose ocorre nos pulmões e em cerca de 10% dos casos envolvem linfonodos ou doença disseminada comprometendo diferentes órgãos, tecidos moles ou território osteoarticular. Tenossinovite pode ser secundária a feridas profundas, disseminação hematogênica ou a partir de lesão óssea adjacente. Por ter curso insidioso o diagnóstico é tardio. Diante de inespecíficas manifestações de infecção o clínico deve estar atento para esta condição cujo diagnóstico tardio resulta em danos incapacitantes. Estas considerações justificam a descrição do presente relato de caso, destacando a ressonância magnética para sua definição diagnóstica. Paciente sexo feminino, 61 anos, cursando com dor crônica do punho direito rotulada como artrose que apresentou recente quadro de edema e agudização da dor, com eventuais picos febris. Raio-X do punho demonstrou desmineralização óssea e erosões subcondrais em extremidade do rádio e da ulna e ossos do punho. A ressonância magnética demonstrou fluido extenso ao redor dos tendões flexores, com edema nos tecidos moles adjacentes do punho e da mão; distensão da bainha do tendão flexor com baixa intensidade de sinal anormal proximal e distal ao nível do túnel do carpo; após injeção de gadolíneo notou-se realce de todo o compartimento do tendão flexor, com realce intenso da bainha do tendão e ao longo das superfícies dos tendões flexores, compatível com tenossinovite. A cultura do líquido aspirado revelou a origem da infecção tuberculosa. O achado de lesões ósseas e as alterações descritas pela ressonância magnética (a exemplo do presente relato) conduzem para o diagnóstico de tenossinovite por tuberculose secundário a osteoartrite do punho. A tenossinovite evolui com estágio inicial edematoso, seguido de lesão serofibrinosa na qual ocorre inflamação sinovial e tendínea e finalmente a formação de tecido fibroso, caseificação e granulação fazem com que o tendão e sua bainha apareçam bastante espessados. Os achados de ressonância magnética contribuem para o diagnóstico e dependem do estágio da doença, variando inicialmente de líquido encontrado dentro da bainha do tendão, sem espessamento sinovial, seguido no estágio serofibrinoso com espessamento e o realce da bainha do tendão e na fase tardia por formação nodular semelhante a uma massa envolvendo os tendões e suas bainhas.
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Vol. 26. Issue S1.
(January 2022)
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