Diminuir as desigualdades que impactam nas formas de viver e de morrer em consequência da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é um grande desafio para o controle da epidemia causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana.
ObjetivoAvaliar o tempo de sobrevida segundo características demográficas, comportamentais e clínicas de homens e mulheres vivendo com HIV.
MétodoTrata-se de uma coorte retrospectiva. A amostra foi selecionada por casos de HIV/AIDS, de indivíduos com 13 anos ou mais, notificados pelo Sistema de Informação de Agravos e Notificação, entre 2007 e 2019, pertencentes a 17ª Regional de Saúde do Paraná. Foi realizado a estimação de sobrevida por meio do método de Kaplan-Meier e teste de log-rank estratificados por sexo masculino e feminino.
ResultadosForam incluídos 3.264 registros, ao final de 140 meses de seguimento, 2.835 (86,9%) sobreviveram, tendo ocorrido 429 (13,1%) óbitos por causas relacionadas à AIDS. A estimativa média de sobrevida geral dos indivíduos foi de 120,6 meses (IC95%: 118,9-122,3), enquanto daqueles que morreram por causas relacionadas a AIDS foi de 15,6 meses (IC95% 13,0-18,3) tendo 71,3% dos óbitos ocorrido no primeiro ano após o diagnóstico. Estiveram associados ao menor tempo de sobrevida pós diagnóstico: idade ≥ 40 anos, sem escolaridade e até 8 anos de estudo, homens heterossexuais, contagem de Linfócitos T CD4+ < 350 cél/mm3 e Infecção Oportunista no momento do diagnóstico, com diferentes magnitudes entre os sexos, no qual os homens apresentou menor tempo de sobrevivência em todas as categorias quanto comparados as mulheres. Destaca-se que homens sem nenhuma escolaridade apresentou o menor tempo de sobrevivência de toda a amostra (84,4 meses; IC95% 62,3-106,4), enquanto aqueles que não tiveram infecção oportunista no momento do diagnóstico, o maior tempo de sobrevivência (138,6 meses; IC95% 137,6-139,6).
ConclusãoA taxa de sobrevivência foi expressamente maior que os óbitos, mesmo em intervalos de tempo distintos, e no modelo nas quais as características como a idade avançada, ter baixa escolaridade, Infecção Oportunista e menor contagem de Linfócitos TCD4+ impactaram na sobrevida de pessoas vivendo com HIV, especialmente os homens que apresentou menor sobrevida em todas as categorias analisadas. Diante das características demográficas, comportamentais e clínicas dos casos de HIV e AIDS reconhece-se disparidades na sobrevida entre homens e mulheres vivendo com HIV.