12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Síndrome de Lemierre é uma doença rara, que acomete predominantemente jovens hígidos, de etiologia infecciosa, mais frequentemente Fusobacterium. Classicamente causada por uma infecção de orofaringe aguda associada à tromboflebite da veia jugular interna complicada por infecção metastática.
Objetivo: Descrever um caso de Síndrome de Lemierre com acometimento extenso da trombose, envolvendo seio cavernoso.
Metodologia: Paciente, 48 anos, sexo masculino, sem comorbidades prévias, deu entrada no pronto‐socorro com história de cefaleia intensa há 2 semanas, incapacitante, associada a episódios de febre, astenia e vômitos. Há 3 dias, evolui com lateropulsão à direita, vertigem e hipoacusia, não sendo capaz de manter a ortostase. Foi realizada Angio‐TC crânio, visualizando trombose em veias jugulares internas e seio cavernoso. A RM de crânio evidenciou sinais de meningite de conteúdo espesso em cisternas da base, fossa posterior e fossa craniana média direta, além de realce dural e leptomeníngeo, bem como isquemia recente no cerebelo e extensa trombose nos segmentos superiores do seio cavernoso e das veias jugulares internas, sugerindo tromboflebite. A TC de tórax revelou múltiplos nódulos e opacidades nodulares espalhadas por todo o parênquima pulmonar, alguns com focos cavitários. Posteriormente, o paciente reavaliou os sintomas iniciais, referindo‐se adicionalmente uma dor de dente há um mês antes da admissão hospitalar. Foi isolado Fusobacterium nucleatumem em hemocultura anaeróbia. A terapêutica instituída foi com metronidazol e ceftriaxona intravenoso, realizada exodontia dos dentes acometidos e submetido a longo curso de anticoagulação por manutenção dos déficits neurológicos.
Discussão/Conclusão: Síndrome de Lemierre é uma doença septicêmica pós‐angina, cursando com febre, calafrios, dor e rigidez de nuca, linfadenopatia cervical, edema e trismo. Ademais, pode ocorrer embolização séptica à distância, principalmente pulmão. O diagnóstico é realizado por hemocultura e exames de imagem, a exemplo do USG ou TC com contraste. O tratamento baseia‐se primordialmente em antibioticoterapia. A abordagem cirúrgica é reservada para os casos que não responderam bem ao tratamento medicamentoso instituído, bem como para realização de controle de foco. O benefício da anticoagulação é incerto, a depender da extensão do trombo e evolução. Por ser uma condição clínica desconhecida por muitos médicos, o diagnóstico costuma ser tardio, podendo apresentar consequências potencialmente fatais ao paciente.