XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA sífilis, infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum, representa um desafio crescente para a saúde pública no Brasil. Esta doença, que também pode ser transmitida de forma vertical, resultando na sífilis congênita, pode apresentar-se em diversos estágios. Para estas diferentes formas, o tratamento com penicilina – na maioria dos casos – é eficaz. Apesar de ser uma doença de notificação compulsória, alguns fatores impedem o diagnóstico e tratamento adequados, desde o conhecimento da doença pela população, até a falta de cobertura do sistema de saúde. Este trabalho analisa a situação da sífilis no Brasil de 2012 a 2021, explorando sua epidemiologia, fatores de risco e desafios enfrentados.
MétodosForam utilizados dados coletados a partir da plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, referentes ao período de 2012 a 2021, para identificar os casos de sífilis no Brasil. Variáveis foram incluídas e tabuladas em Microsoft Office Excel® e submetidas a análises descritivas, utilizando-se frequências e porcentagens.
ResultadosNo período foram registrados 158.478 casos de sífilis, com 481 óbitos (Taxa de Mortalidade (TM) = 0,30%). Deste total, 51,7% são do sexo feminino (TM = 0,24) e 48,3% do sexo masculino (TM = 0,37). Dentro desta classificação, a mortalidade é maior na cor/raça preta, alcançando 0,69%. Quanto à faixa etária, 92,5% dos casos registrados foram em pacientes menores de 1 ano, com TM de 0,17%, o menor registro entre as faixas etárias. A TM mais significativa ocorreu em pacientes acima de 80 anos, alcançando quase 9% de óbitos.
ConclusãoA sífilis continua sendo um importante desafio para a saúde pública no Brasil, sobretudo em menores de 1 ano, devido à sífilis congênita. De acordo com os dados da Organização Pan-Americana da Saúde, existem desafios significativos para a redução da transmissão vertical da sífilis. Estes desafios englobam a baixa quantidade de gestantes que são devidamente triadas e tratadas para sífilis, o acesso tardio aos cuidados pré-natais, a subutilização de testes rápidos nos centros de atendimento, a adesão limitada ao tratamento tanto por parte das gestantes quanto de seus parceiros e a carência de penicilina disponível. O aumento da incidência da doença requer uma abordagem que envolva estratégias de prevenção, educação e acesso universal aos cuidados de saúde, com ampliação de programas de rastreamento, diagnóstico e tratamento.