A sífilis maligna (SM) é um acometimento dermatológico incomum da doença causada pelo Treponema Pallidum, apresentando-se com lesões cutâneas ulceradas e necróticas. A nomenclatura deriva da similaridade com doenças malignas.
ObjetivoMostrar a importância do diagnostico diferencial das lesões de pele, levando-se em consideração a alta prevalência de infecção por sífilis.
ResultadosCaso 1: Paciente feminina, 42 anos, HIV, iniciou com lesões descamativas em membros, tronco e face, evoluindo para lesões ulceradas há 6 meses. VDRL 1:512. Biópsia de pele com anatomopatologico: dermatose perivascular e perianexial, dano vasculopático caracterizado por edema endotelial e denso infiltrado inflamatório crônico, predominantemente linfocitário, cariorrex com espongiose e exocitose de linfocitos. Lesões em dorso impossibilitaram realização de punção lombar, realizado tratamento empírico para neurossífilis com Penicilina Cristalina (14 dias) mais 3 doses de Penicilina Benzatina 2400000UI. Evoluiu com melhora substancial das lesões, permanecendo manchas cicatriciais. Caso 2: Paciente feminina, 26 anos, HIV, apresenta lesões hiperemiadas e pruriginosas pelo corpo e mucosa oral há 2 meses. Procura emergência por sincope e persistência das lesões. Iniciado Piperacilina-Tazobactam devido infecção secundária das lesões e paciente evoluiu com rebaixamento do sensório e hipoxemia, levada à UTI. VDRL de 1:16. Hipótese de fenômeno de Jarish-Herxheimer devido piora neurológica e respiratória após infusão de penicilina. Realizado 3 doses de Penicilina Benzatina 2400000 UI, com melhora das lesões progressivamente, sem neurossifilis em punção lombar.
ConclusãoSífilis é uma doença infecciosa crônica caracterizada por períodos de latência e atividade. A forma ulceronodular da sífilis secundária é conhecida como sífilis maligna (SM). Pessoas com HIV possuem risco 60 vezes maior de desenvolver SM. Podem ser pápulas pleomórficas, que se transformam em pústulas e nódulos, e após, centro necrótico que ulcera, coberta por crostas acastanhadas. Na histopatologia: infiltração de plasma e linfócitos na derme, especialmente perivascular, podendo formar granulomas. A imunohistoquímica apresenta alta sensibilidade. A confirmação da SM é feita pelos critérios de Fisher: morfologia compatível micro e macroscopicamente; teste sorológico reagente para sífilis; reação de Jarish-Herxheimer ao tratamento e resposta dramática ao tratamento. O tratamento são 3 doses de penicilina benzatina (2400000UI) e melhora clínica se dá em poucas semanas.