A hesitação a vacinas é uma tendência crescente que tem sido associada à redução das coberturas vacinais e ao ressurgimento de doenças imunopreveníveis. Além disso, dentre as crianças com vacinação completa, a imunogenicidade da vacina, é inferior a 100%. Diferentes fatores são associados à soroconversão vacinal, variando de acordo com o imunizante e em diferentes regiões do mundo.
ObjetivoEste estudo teve como objetivo investigar a frequência de adesão a vacinas, fatores associados à incompletude vacinal para as vacinas de SCR e hepatite A, e fatores associados à falha na soroconversão para hepatite A, sarampo e caxumba em crianças acompanhadas no Estudo MINA-Brasil aos 2 anos de idade.
MétodoNessa coorte de base populacional conduzida em Cruzeiro do Sul/AC, foram coletados dados sociodemográficos, clínicos e de nutrição a partir de entrevistas, e informações de vacinação foram compiladas dos cartões de vacina durante as visitas de acompanhamento. Amostras de sangue das crianças foram coletadas aos 2 anos de idade e, com a utilização de kits comercialmente disponíveis, testes sorológicos foram realizados para avaliar a soroconversão entre crianças vacinadas. Modelos de regressão de Poisson com ajustes múltiplos foram aplicados para identificar fatores associados a incompletude vacinal para SCR e hepatite A, e à falha na soroconversão para hepatite A, sarampo e caxumba.
ResultadosDas 855 crianças incluídas, a completude vacinal foi de 90,6% para SCR, 76,7% para tetraviral e 74,9% para hepatite A. Após análise com ajustes múltiplos, fatores associados à incompletude vacinal foram: para SCR, cor de pele materna branca, existência de atividade remunerada materna, multiparidade, menor número de consultas pré-natal e frequentar a creche; para a vacina de hepatite A, cor de pele materna branca e não viver com o companheiro. Os fatores com associação estatisticamente significante com falha da soroconversão foram: participar do Programa Bolsa Família (sarampo e caxumba); não receber o esquema vacinal completo (sarampo); e apresentar deficiência de vitamina A (caxumba).
ConclusãoSão necessárias estratégias para aumentar a cobertura vacinal priorizando crianças conforme os fatores sociodemográficos identificados. Além disso, fatores sociodemográficos e a deficiência de vitamina A podem afetar a resposta imune a vacinas, resultando em maior risco para doenças potencialmente graves e imunopreviníveis.
Ag. FinanciadoraFAPESP E CAPPES.
Nr. ProcessoFAPESP 2017/00270-6; CAPPES 88887.470351/2019-00.