XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA transmissão vertical é um relevante mecanismo de transmissão da sífilis. Durante a gestação, esta infecção é responsável por desfechos desfavoráveis à gestação e ao feto.
ObjetivoDescrever o panorama epidemiológico dos casos de sífilis gestacional (SG) e congênita (SC) no Brasil.
MétodosEstudo epidemiológico, baseado em dados de casos confirmados de SG e SC no Brasil, de 2012 a 2021, obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
ResultadosNo período, foram notificados 452.826 casos de SG e 211.999 de SC. As taxas de detecção (por 1.000 nascidos vivos) em 2012, 2017 e 2021 foram, respectivamente, 5,7, 17,0 e 27,1 casos de SG e 4,0, 8,7 e 9,9 casos de SC; o Sudeste e Nordeste foram as duas regiões com maior contribuição nos casos de SC do país, respondendo por 43,8% e 29,5%, nessa ordem. Sobre as gestantes com SG, 78,6% tinham entre 15 e 29 anos, 67,2% eram pretas/pardas e 36,4% tinham menos de 8 anos de estudo. O pré-natal foi relatado em 85,1% dos casos de SC, no qual 58,4% dos diagnósticos ocorreram, enquanto 34,5% foram diagnosticados durante o parto/curetagem. O tratamento do parceiro não foi realizado em 77,6% dos casos de SC. No que se refere ao tratamento no Brasil, em 2021, 11,4% das gestantes com SG não usaram a penicilina benzatina ou não tinham comprovação de tratamento; contexto que se agrava na região Nordeste e no estado de Pernambuco, onde esses percentuais foram de 17,5% e 26,4%, respectivamente. Sobre os casos de SC, 52,2% tinham registro de esquema de tratamento materno inadequado e 26,8% o tratamento não foi realizado. Foi observado um aumento de 3,7 vezes dos casos de sífilis secundária e terciária em gestantes entre 2012 e 2021, representando 19,2% de todos dos casos de SG. Por fim, a taxa de mortalidade (por 1.000 nascidos vivos) de SC em 2021, entre as regiões do país, variou de 4,3 a 10,3.
ConclusãoAs taxas de detecção de GS e SC no Brasil tiveram aumento progressivo ao longo dos anos; destaca-se um maior incremento dos casos em 2021, sendo um provável impacto da pandemia de COVID-19, com o comprometimento das ações preventivas e falhas na assistência pré-natal. Diante desse panorama, é imprescindível a articulação de programas de assistência materno-infantis e Atenção Primária, de modo a intensificar ações de promoção da saúde sexual e reprodutiva, bem como a garantia efetiva à assistência de pré-natal, diagnóstico precoce e tratamento oportuno e adequado às gestantes e parcerias sexuais.