Sepse materna é hoje a terceira causa de morte materna no mundo. Os principais fatores de risco descritos são: idade avançada, diabetes mellitus, hipertensão arterial e parto cesárea. Ainda existem desafios em sua abordagem e tratamento, sendo o atraso diagnóstico, como falhas na aplicação do protocolo sepse, fator determinante no desfecho clínico.
ObjetivoAvaliar e descrever características clínicas, epidemiológicas e de prognóstico de pacientes com sepse materna no Hospital PUC-Campinas no período de janeiro 2014 a agosto 2020.
MétodoEstudo de coorte retrospectiva, que avaliou todos os casos de sepse materna atendidos no hospital PUC-Campinas entre 2014 e 2020. Foram coletadas variáveis clínicas e epidemiológicas dos casos e realizado estudo estatístico (Epiinfo 3.1.1) para análise do desfecho de gravidade (internação em UTI). Variáveis categóricas comparadas pelo teste qui-quadrado e variáveis contínuas pelo teste-t. O valor de p < 0,05 foi considerado significativo.
ResultadosForam registrados 123 casos de sepse materna. A idade média foi de 21 anos e a maioria eram gestantes e com comorbidades (59%), destacando-se infecção do trato urinário (ITU) de repetição, doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) com 9% e diabetes mellitus gestacional (DMG) com 15%. Os sintomas mais prevalentes foram: febre (85%), dor lombar (46%) e polaciúria/disúria (30%) e o principal foco infeccioso foi ITU (52%). A internação em UTI ocorreu em 13%. Observamos falhas em indicadores da primeira hora do atendimento (Tabela 1). Ter DHEG (p = 0,02) e cesária prévia (p = 0,04) foram relacionados à maior risco de internação em UTI, e foco urinário teve efeito protetor nesse desfecho. No período houve 1 óbito por sepse materna.
ConclusãoA morte materna é considerada evento sentinela para os sistemas de saúde e reflete falhas no pré-natal, assistência ao parto e pós-parto. Destaca-se a importância do diagnóstico precoce e da avaliação de fatores de risco que definem pior prognóstico. Falhas na abordagem precoce foram evidenciadas neste estudo, assim como fatores que conferem pior prognóstico como DHEG e cesárea prévia.