XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA bactéria Neisseria macacae é uma espécie de Neisseria descoberta na cavidade oral de macacos em 1983. Em humanos, é uma condição rara associada, em sua maioria, a estados de imunossupressão, sendo encontrada isoladamente no trato respiratório superior de pacientes neutropênicos. Apresentaremos o caso de uma criança que recebeu o diagnóstico de Osteomielite aguda e miosite em coxa esquerda e evoluiu durante a internação prolongada com Infecção primária de corrente sanguínea. A bactéria Neisseria macacae foi confirmada através de hemocultura sendo uma das poucas descrições na literatura médica brasileira de infecção por este patógeno.
Relato de casoCriança, sexo masculino, 4 anos, portadora de alteração cromossômica 18 e rim multicístico, internada para tratamento de osteomielite com miosite em coxa esquerda se estendendo até quadril e artrite séptica em joelho esquerdo. Submetida a cirurgia com desbridamento cirúrgico e coleta de cultura. Evidenciado em cultura de fragmento ósseo de cápsula de joelho e quadril e hemoculturas Staphylococcus aureus sensível a oxacilina e líquido sinovial com culturas negativas. Iniciado terapia empírica com oxacilina e posteriormente escalonado para vancomicina e acrescentado clindamicina devido a gravidade do quadro. Após 30 dias com esse esquema, paciente iniciou um quadro de febre, tremores e exantema por todo o corpo, optado em suspender vancomicina e manter clindamicina e acrescentar cefepime, suspeitando-se de infecção primária da corrente sanguínea, foi evidenciado em hemocultura Candida parapisilosis, e iniciado anfotericina B desoxicolato, trocou por micafungina após 10 dias devido eventos adversos da medicação. e realizado ecocardiograma e exame oftalmológico que estavam normais e ultrassonografia de abdome total compatíveis com lesões esplênicas secundárias a fungos. Após 3 dias de micafungina paciente evoluiu com febre e neutropenia grave, solicitado novas hemoculturas e iniciado piperacilina+tazobactam, com 24 horas evoluiu sem febre e com melhora do estado geral, feito antibioticoterapia por 10 dias. Após o paciente ter alta hospitalar por melhora clínica, recebido um resultado de hemocultura com Neisseria macacae.
ConclusãoA partir deste relato, profissionais de saúde devem atentar sobre o patógeno e incentivar publicações e pesquisas, a fim de encontrar ferramentas diagnósticas com melhor acurácia da Neisseria macacae.