XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA COVID19 estimulou a integração entre equipes multidisciplinares e o monitoramento do consumo de antimicrobianos é indicador essencial da assistência hospitalar. Sua associação com a utilização de testes laboratoriais, como a procalcitonina (PCTS), otimiza recursos, através do uso racional de antimicrobianos e favorece a ampliação de serviços.
ObjetivoTraçar perfis de consumo de antimicrobianos e correlacionar com a implantação da dosagem de PCTS em hospital terciário de referência no início da pandemia.
MétodosEstudo observacional e transversal, com dados obtidos do sistema de prescrição e gerenciamento de estoque. Incluíram-se pacientes com antimicrobianos endovenosos e as solicitações de PCTS no período de 01/2020 a 06/2021. O consumo de antimicrobianos, perfil de prescrição por DOT (Days of Therapy) e número de exames foram ajustados pelo número de pacientes-dia (p-d).
ResultadosO consumo médio de antimicrobianos mensal foi R$ 69,89/p-d em universo de 8.395,5 p-d médio/mês. Valores mensais variaram de R$ 55,02 (03/2020) a R$ 92,67 (04/2021) por p-d. Nos picos de internação de pacientes COVID confirmados em 09/2020 e 03/2021 no serviço, o consumo dos antimicrobianos manteve-se entre R$ 67,63 e R$ 71,10 e de R$ 83,97 a R$ 92,67. A Ceftriaxona teve média de 117,26 DOT/ mil p-d e total de 18.197 prescrições no período, sendo 06/2020 o mês de maior frequência de prescrição (189,3). Azitromicina teve 2.542 prescrições e média de 24,2 DOT/mil p-d, sendo o primeiro semestre o auge com DOT 55,6 e retorno aos índices pré-pandemia a partir de 10/2020. O perfil de prescrição de Meropenem (DOT médio: 71,0) e Polimixinas (DOT médio: 48,7) manteve-se sem grandes variações, oscilando proporcionalmente com número de casos. Aferição de PCTS, implantada em 08/2020, teve 4.147 dosagens até 06/2021, com maior freqüência em 05/2021 (644 testes) e auge em 12/2020 (64,6 testes/mil p-d).
ConclusãoHouve redução no consumo de antimicrobianos com a dosagem da PCTS. Meropenem e Polimixinas não mostraram interferência entre prescrição e aferição de PCTS. Os auges de Ceftriaxona correspondem às ondas de COVID-19 e a redução com início da dosagem em 09/2020. O aumento de prescrição retornou com a ruptura do teste entre 12/2020 e 01/2021. A incidência de prescrição de Ceftriaxona está relacionada à progressão de p-d e a PCTS relaciona-se inversamente ao uso de Ceftriaxona e Azitromicina, configurando peça diferenciada ao stewardship de antimicrobianos.