Entender transferência transplacentária de anticorpos é essencial para adequação de protocolos assistenciais, e estudos em vacina nestas populações (FLANNERY et al., 2021; SONG et al., 2021). Trata-se de estudo piloto do projeto “Inquérito sorológico em papel filtro para SARS-COV-2 em recém-nascidos e suas mães, e monitoramento do desenvolvimento nos primeiros 2 anos vida”, aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (CAAE: 42269021.9.0000.5149).
MétodosEstudo transversal realizado em cinco cidades de Minas Gerais de abril a junho de 2021. Foram convidadas a participar todas as mães que levaram seus filhos à unidade básica de saúde até o 7° dia de vida para triagem neonatal. Foi realizada punção de calcanhar nos bebês e digital nas mães. As amostras, conservadas em papel filtro e testadas para IgG anti Sars-Cov-2 pelo método ELISA, kit Allserum EIA COVID-19 IgG-Dried Blood Spot (MBIOLOG, 2020). Foi tentado contato telefônico com todas as díades em que mãe e/ou recém-nascido eram reagentes e com parcela sorteada das díades negativas, e aplicado questionário sobre as condições sociodemográficas, gestacionais e perinatais.
ResultadosForam coletadas 847 amostras pareadas, em 144 (17%) a mãe e/ou criança eram reagentes (122 mães responderam ao questionário). Entrevistamos 111 mães de díades não reagentes, totalizando 233 mães. Da amostra, 94 mães (40,34%) eram reagentes, sendo que em 82,97% dos casos a sorologia do bebê foi concordante. Já entre as mães não reagentes (n = 125), identificamos 14,40% de bebês reagentes. Houve ainda 14 mães com sorologia indeterminada, e destas, 71,42% dos bebês teve sorologia positiva. Das mães reagentes, 34,04% negaram suspeita de COVID durante a gestação; 56,38% relataram suspeita clínica e laboratorial da doença, sendo esta predominante no 3° trimestre (74,07%). Entre as mães não reagentes, a taxa de suspeita de COVID na gestação cai para 17,30% e predomina no 1° e 2° trimestres (83,33%). 5 mães haviam sido vacinadas na gestação.
ConclusãoNosso estudo auxilia no entendimento sobre a imunogenicidade em puérperas assintomáticas, transferência passiva de anticorpos e possíveis casos de infecção vertical. Possui a limitação de a suspeita de doença na gestação se basear no relato das mães.