Histoplasmose, micose sistêmica causada pelo Histoplasma capsulatum, é uma micose sistêmica decorrente da inalação de conídios (esporos). O fungo é saprófita do solo, principalmente onde há umidade elevada e excretas de aves e morcegos. Mais comum em imunocomprometidos, pode levar a diferentes formas clínicas (assintomática, pulmonar e disseminada). O diagnóstico consiste no exame direto, cultura, pesquisa de antígenos, sorologia e testes moleculares. O tratamento se baseia na anfotericina e nos derivados azólicos.
ObjetivoDescrever raro caso de histoplasmose disseminada em imunocompetente.
Descrição: Masculino, 38 anos, heterossexual, vaqueiro, sem comorbidades. Em agosto/2019, apresentou quadro consumptivo, febre, hemoptise, tosse e dispneia. Em outubro/2019, houve piora respiratória e necessidade de ventilação mecânica. Sorologias, TR-HIV e TR-TB, BAAR, culturas e pesquisa de fungos: negativos; TC de tórax: “árvore em brotamento” e “vidro-fosco”, espessamento brônquico, nódulos calcificados bilaterais e linfonodomegalias paratraqueais e hilares; biópsia transbrônquica sugerindo histoplasmose. Apresentou melhora espontânea. Em janeiro/2020, iniciou dispneia, dor ventilatório-dependente, tosse, febre e emagrecimento. US abdominal: linfonodomegalias abdominais e hepatoesplenomegalia; pesquisa de fungo em escarro revelou H. capsulatum. Iniciada anfotericina B desoxicolato, com boa resposta e prescrito Itraconazol à alta. Em agosto/2020, reinternado após abandono de tratamento, com hepatoesplenomegalia em TC de abdome; aspirado de medula óssea (AMO) sem alterações. Reiniciado tratamento com anfotericina B lipossomal, escalonada para Itraconazol e modificado para fluconazol devido hepatotoxicidade. Evoluiu com citopenias, LDH elevado e AMO com H. capsulatum. Após a alta, retornou em março/2021, com pancitopenia e hiperesplenismo (Boyd IV). Iniciado novo tratamento com anfotericina lipossomal, com boa resposta, tendo recebido alta com fluconazol.
ConclusãoA histoplasmose disseminada, definida pela presença extrapulmonar confirmada do fungo, como no presente caso (visualizado em AMO). É mais comum em: SIDA, uso de imunossupressores, transplantados, imunodeficiência primária ou doenças hematológicas. No presente caso, o paciente não apresentava quaisquer indícios de imunossupressão, situação rara, uma vez que 4% de imunocompetentes são acometidos.