As infecções relacionadas à assistência em saúde (IRAS) são um problema de saúde global, que aumentam a letalidade hospitalar durante a internação, além do seu impacto econômico importante. Estima-se que 20 a 40% das IRAS estão associadas com infecções cruzadas através das mãos de profissionais da saúde. Esse cenário é evitável com medidas de prevenção e controle de infecção, como a higiene das mãos. Dessa forma, o presente trabalho objetiva relatar a criação e aplicação de uma proposta metodológica para ensino sobre higiene das mãos para estudantes de medicina da Universidade Federal da Bahia.

O público-alvo do trabalho foi composto por estudantes de todos os níveis da formação médica, que participaram das exposições das Ligas Acadêmicas na Semana dos Calouros, organizada pela Faculdade de Medicina da Bahia (FMB-UFBA). Estudantes membros da Liga Acadêmica de Infectologia da Bahia, após capacitação com profissionais da área em hospital que trabalha com a estratégia multimodal de higiene das mãos, realizaram explanação teórica sobre os passos para higienização correta das mãos, de acordo com os passos preconizados pela Organização Mundial da Saúde. Em seguida, os alunos ouvintes eram convidados a simular a higiene nas suas próprias mãos, utilizando um creme com conteúdo fluorescente, e em seguida colocar as mãos dentro de uma câmara escura, cuja luz ultravioleta evidenciava apenas as áreas das mãos que foram atingidas pelo creme, isto é, efetivamente higienizadas.

Aproximadamente 80 estudantes de medicina participaram como ouvintes da atividade, sendo a maioria matriculada no 1° semestre do curso. A ação foi o primeiro contato da maioria dos estudantes com a temática, visto que na amostra em questão esse conteúdo só é abordado em uma aula do 5° semestre do curso. A proposta de ensino embasada na metodologia ativa foi bem recebida, principalmente pela possibilidade de reconhecimento e aprendizado a partir do erro, propiciando o processo ação-reflexão-ação e diminuindo os efeitos negativos do distanciamento entre teoria e prática.

A experiência permitiu confirmar que o ensino da higiene correta das mãos pode e deve ser feito desde o primeiro semestre da faculdade de medicina, devido ao impacto da prática na saúde, sendo a metodologia ativa e dinâmica uma excelente forma de apreensão dos passos preconizados pela OMS.