A hanseníase é uma patologia crônica que acomete o sistema nervoso periférico, em especial, nervos da face, dos membros superiores e inferiores, todavia pode haver manifestações em outros órgãos. O agente infeccioso é uma bactéria de gênero e espécie já conhecida, o Mycrobacterium leprae, e sua transmissão acontecem através do contato próximo e em longo prazo do doente em não tratamento e a pessoa suscetível. Em crianças, foram diagnosticados 828 novos casos de hanseníase no Brasil em 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde, sendo que 35 crianças já apresentavam grau de incapacidade física dois nos diagnósticos, logo possuem deficiências visíveis causadas pela hanseníase.
Descrição do casoMenor de 8 anos de idade, sexo feminino, foi atendida pela equipe do serviço de Infectologia devido a contato intradomiciliar de caso multibacilar em tratamento por falência terapêutica. No momento da consulta, relatou aparecimento de máculas hipocrômicas de bordas bem definidas, em um total de 6, localizadas na face, membros inferiores e superiores. Realizado teste de sensibilidade nas lesões apresentando diminuição da sensibilidade térmica e dolorosas em lesão do braço direito. Realizada biópsia de pele com resultado de dermatite perivascular superficial sem comprometimento de feixe nervoso e baciloscopia zero. Devido a alteração clínica e história epidemiológica, foi iniciada a poliquimioterapia. No momento do diagnóstico apresentava grau de incapacidade física zero. Atualmente, na quinta dose da terapia evoluindo com regressão total de todas as máculas.
ComentáriosNesse relato de caso fica evidente o quão importante é o diagnóstico precoce da hanseníase e a necessidade de controle dos contatos na prevenção da incapacidade física em crianças. Desse modo, fica ilustrado a importância dos profissionais de saúde reconhecerem os sinais e sintomas dessa doença, por meio da anamnese, do exame físico geral e dermatoneurológico, visando a iniciar o tratamento antecipado, com o objetivo de evitar incapacidade física. Por derradeiro, nota-se que junto a terapêutica precoce é importante realizar o controle dos contatos, na medida em que a busca ativa de casos permite reconhecer pacientes hansênicos que ainda não procuraram o serviço de saúde ou que desconheçam o diagnóstico. Nesse viés, é imprescindível que sejam examinados os indivíduos que moram no mesmo domicílio que o doente ou que tiveram contato em outros locais, como no trabalho.