XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO vírus da imunodeficiência humana (HIV) continua sendo um problema de saúde pública do Brasil, apesar da introdução da terapia antirretroviral (TARV) e do manejo profilático das infecções oportunistas. Neste cenário, praticamente toda mortalidade relacionada ao HIV é precedida por doenças oportunistas. Dessa forma, o objetivo desse estudo é avaliar a prevalência de doenças oportunistas, em pacientes com HIV internados no Hospital das Clínicas do estado de Roraima, a fim de fornecer resultados epidemiológicos que poderão ser utilizados para facilitar o diagnóstico e tratamento precoce.
MetodologiaTrata-se de um estudo epidemiológico, observacional e retrospectivo, onde foram extraídos os dados de 68 pacientes internados entre os meses julho de 2022 e julho de 2023, na enfermaria de Infectologia. As informações registradas incluíram pacientes com diagnóstico de HIV prévio ou na internação, contagem de células CD4, nacionalidade, infecção oportunista e desfecho. Para a pesquisa de literatura utilizou-se a plataforma Scielo e Pubmed e os seguintes descritores “HIV”, “infecções oportunistas”, “epidemiologia”.
ResultadosDurante o seguimento, a tuberculose foi a infecção oportunista mais prevalente (n = 20,6%), sendo a forma pulmonar a de maior frequência dentro dos quadros associados ao patógeno (n = 42,8%), seguida pela pneumocistose (n = 16,2%). Outras infecções prevalentes foram a candidíase orofaríngea (n = 13,2%), neuroinfecções (n = 14,7%), sendo a neurotoxoplamose a mais comum dentre elas (n = 88,9%), seguidas por histoplasmose (n = 7,35%). Ademais, em média um terço dos pacientes internados eram provenientes da Venezuela. 69,1% dos pacientes já tinham diagnóstico prévio do HIV, desses 75,5% obtiveram contagem de CD4 menor que 200. 8,8% dos pacientes foram a óbito, 85,3% obtiveram alta e 5,9% até a presente data mantém-se internados.
ConclusãoNos pacientes analisados que tiveram internação relacionada a infecções oportunistas, a tuberculose, pneumocistose, candidíase e neurotoxoplasmose são causadoras de uma proporção substancial de internações e agravamento do quadro associado à imunossupressão. Em pacientes com diagnóstico prévio a internação, o principal fator associado foi a não adesão à TARV. Esforços contínuos são necessários para desenvolver estratégias efetivas de conscientização da população sobre testagem regular e aderência ao tratamento, assim prevenindo doenças oportunistas nessa população.