XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO diagnóstico oportuno é fundamental no manejo da criptococose do sistema nervoso central (SNC) em pessoas que vivem com HIV/AIDS (PVHA). O objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência da antigenemia criptocócica e da criptococose do SNC em PVHA e imunossupressão avançada que apresentaram sintomas neurológicos, utilizando o teste de fluxo lateral (LFA) em sangue periférico, realizado à beira-leito, sem a utilização de estrutura laboratorial, no pronto socorro (PS) de um serviço de referência em doenças infectocontagiosas em São Paulo, Brasil, além de descrever as principais características dessa população e propor um algoritmo de manejo inicial para esse perfil de pacientes.
MétodosEstudo de coorte prospetivo realizado no PS do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), entre janeiro e setembro de 2020. Todos os pacientes incluídos foram submetidos ao LFA em sangue periférico, e aqueles com resultado positivo, foram submetidos à punção lombar para coleta de líquido cefalorraquidiano (LCR) e realização do LFA nesse material.
ResultadosDurante o período do estudo, 497 PVHA foram admitidas no PS do IIER, dos quais 74 (14,9%) foram incluídos. A idade mediana (IIQ) foi de 40 (30-48) anos com predomínio do sexo masculino (62%). As medianas (IIQ) da contagem de linfócitos T CD4 e da carga viral do HIV foram 43 (20-130) células/mL e 36.401 (457-288055) cópias/mL, respectivamente. As principais manifestações neurológicas foram cefaleia (41/74, 55,4%), alteração da consciência (35/74, 47,3%) e déficit motor focal (31/74, 41,9%). A criptococose foi a causa mais frequente de meningoencefalite (11/15, 73,3%). Cinco (39%) de 13 pacientes com criptocococe do SNC tiveram coinfecções neurológicas. As prevalências de LFA positivo no sangue periférico (19/74) e de criptococose do SNC (13/74) foram de 25,7%; IC 95%, 15,5 a 40,1% e 17,6%; IC 95%, 9,4 a 30,0%, respectivamente. Entre os seis (8,1%) pacientes com LFA positivo no sangue periférico mas negativo no LCR, quatro (5,4%) apresentaram antigenemia criptocócica assintomática isolada, um (1,3%) foi classificado como antigenemia criptocócica sintomática e um (1,3%) apresentou criptococcemia. A mortalidade intra-hospitalar global foi de 20,3% (15/74).
ConclusãoAs prevalências de antigenemia criptocócica e de criptococose do SNC, utilizando LFA no sangue periférico, foram elevadas. A criptococose foi a causa mais frequente de meningoencefalite e apresentou elevada mortalidade intrahospitalar.