A Doença Renal Crônica (DRC) é atualmente considerada um grande problema de saúde pública mundial. Nas últimas décadas foi registrada a estimativa de 750 milhões de pessoas no mundo com algum comprometimento renal. Pessoas vivendo com Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) tem uma elevada taxa de DRC quando comparados com a população em geral. Desta maneira, o objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência de alterações renais em pessoas vivendo com HIV em um município de médio porte de Minas Gerais.
MétodoEstudo transversal com 336 pessoas vivendo com HIV atendidas pelo Serviço de Atendimento Especializado de Divinópolis/MG no ano de 2019/2021. Foram coletados dados sociodemográficos e resultados de creatinina mais recente. A estimativa da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) foi calculada pela equação CKD-EPI da calculadora nefrológica brasileira. A caracterização da DRC foi realizada seguindo os critérios do KDIGO 2013 utilizando o valor da TFG. Estágio 1 (normal) ≥ 90 ml/min/1,73m2, Estágio 2 (levemente diminuída) 60-89 ml/min/1,73m2, Estágio 3a (leve a moderadamente diminuída) 45-59 ml/min/1,73m2, Estágio 3b (moderada a severamente diminuída) 30-44 ml/min/1,73m2, Estágio 4 (severamente baixa) 15-29 ml/min/1,73m2, Estágio 5 (DRC terminal) <15 ml/min/1,73m2.
ResultadosObservou-se no presente estudo que 49,7% dos pacientes apresentavam a TFG < 90/mL/min/1,73m², discordando do estudo realizado no sudeste do Brasil, que obteve a prevalência de 34,1% de alterações renais em pacientes com HIV. Entretanto, essa divergência pode ser devido a diferentes estruturas de acesso ao serviço e por distintas condutas clínicas em relação a substituição de fármacos nefrotóxicos. Dentre os 336 pacientes com HIV, 66% eram do sexo masculino. A média de idade foi de 44 anos (+/-13). A prevalência de DRC no estágio 1 foi de 50,3%, estágio 2: 43,2%, estágio 3a: 4,8%, estágio 3b: 0,9%, estágio 4: 0,6%, estágio 5: 0,3%. Ao estratificar por sexo, o masculino teve maior prevalência nos estágios 1, 2 e 5, sendo 78,7%, 57% e 100% respectivamente. No sexo feminino os estágios mais prevalentes foram: 3a (68,7%), 3b (100%) e 4 (100%), corroborando com os resultados do estudo realizado por COSTA et al., 2017 no qual os estágios 3a, 3b e 4, também foram os mais prevalentes no sexo feminino.
ConclusãoObservou-se a alta prevalência de alterações renais em pessoas vivendo com HIV, demonstrando que é de extrema importância mais estudos referentes a DRC.