XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoDentre as doenças infecciosas de grande importância para a saúde pública, a gripe ou influenza desempenha um papel significativo nos índices de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Tradicionalmente, os vírus influenza A são os mais descritos devido ao seu potencial de causar pandemias, no entanto os vírus influenza B apresentam grande impacto sendo associados a epidemias sazonais e ocasionando doenças graves, principalmente em crianças. Diante disto, este estudo objetivou investigar as propriedades moleculares dos vírus influenza B que circularam durante a epidemia sazonal em estados das Regiões Norte e Nordeste do Brasil no ano de 2023.
MetodologiaForam analisadas 387 amostras com resultado de RT-qPCR positivo para influenza B recebidas no Laboratório de Vírus Respiratório (LVR) do Instituto Evandro Chagas de janeiro a maio de 2023. Destas, 184 foram selecionadas para o sequenciamento genômico, adotando-se os seguintes critérios, amostras com Ct≤ 29, distribuídas por semanas epidemiológicas e unidades federativas, visando garantir que houvesse representatividade temporal e espacial. As bibliotecas foram preparadas utilizando Nextera XT DNA Library Preparation Kit (Ilumina) e submetidas ao sequenciamento de nova geração por amplicon, na plataforma MiSeq Illumina. As sequências obtidas foram montadas e alinhadas com cepas vacinais e outras obtidas de diferentes regiões do Brasil e do Mundo disponibilizadas no GISAID.
ResultadosDurante o período analisado foram gerados 174 genomas completos de influenza B. A análise genética demonstrou que todas as amostras pertenciam a linhagem Victoria, clado V1A.3ª.2, que apresentam como marcadores genéticos a deleção de três aminoácidos (resíduos HÁ1 162-164), classificando-as no grupo V.1ª.3. Desta forma, as cepas circulantes apresentam-se geneticamente relacionada a cepa vacinal B/Austria/1359417/2021 (V.1ª.3ª.2) preconizada para o ano de 2023 no hemisfério sul.
ConclusãoA vigilância genômica dos vírus influenza nos permite entender melhor os a dinâmica evolutiva destes agentes, gerando dados que nos permitem inferir sobre a compatibilidade das cepas circulantes com as que compõe a vacina. Desta forma, favorecendo a instituição de intervenções efetivas visando melhorar a aceitação da vacina contra influenza, garantindo assim um maior impacto da vacinação, especialmente no que tange a redução do ônus trazido por esta doença para a população humana.