XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoUma das complicações mais desafiadoras da cirurgia do trauma é a infecção após fixação de fratura (IAFF), cujo diagnóstico precoce e manejo adequado é essencial para a prevenção da osteomielite crônica, que vem aumentado globalmente ao longo dos anos. A crescente ocorrência de acidentes de trânsito com traumas de alta energia, aliado a ocorrência de fraturas expostas de manejo complexo são possíveis fatores que contribuem para este aumento. A maior frequência de microorganismos multirresistentes tem tornado o tratamento cada vez mais desafiador e uma equipe multidisciplinar incluindo ortopedistas e infectologistas se faz necessária para conduzir adequadamente os casos.
ObjetivoDescrever o perfil epidemiológico e microbiológico dos pacientes com osteomielites atendidos no Hospital Dório Silva (HDS) entre 2017 e 2019, e seu progresso após tratamento cirúrgico em 12 meses.
MétodosFoi conduzido um estudo de série de casos de pacientes com diagnóstico de osteomielites acompanhados no HDS, com avaliação de variáveis clínico-demográficas, microorganismos identificados em culturas de fragmentos ósseos e desfecho clínico após 12 meses do tratamento concluído.
ResultadosCento e setenta e nove pacientes foram incluídos no estudo. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (n = 128; 71,5%) e foram diagnosticados com osteomielite crônica (n = 169; 94,4%). Cento e trinta e sete das osteomielites foram causadas por apenas um agente bacteriano (76,6%), e 42 (26,47%) foram polimicrobianas. Do total de pacientes estudados, 140 (78,2%) apresentaram recorrência osteomielite. Foram isolados 278 patógenos, sendo os mais prevalentes os cocos grampositivos, Staphylococcus aureus (n = 104; 37,4%) e Staphylococcus coagulase negativa (n = 52; 18,7%) seguidos das bactérias gram-negativas (n = 109; 39,2%.).
ConclusãoO perfil epidemiológico e microbiológico encontrado é semelhante à literatura vigente, sendo a maior prevalência de osteomielite crônica pós traumática de membros inferiores entre homens com idade acima de 50 anos, e infecções por cocos gram-positivos, porém com uma proporção maior de recorrências. Este estudo aponta para a importância de elucidar os fatores de risco que levam à recorrência da infecção, bem como de estruturar serviços de saúde formados por equipe multidisciplinar integrada para atendimento dos pacientes vítimas de fraturas ortopédicas.