XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA tuberculose é um dos grandes problemas de saúde pública com impacto na mortalidade mundial. Estudos vem demonstrando importantes diferenças epidemiológicas e clínicas em populações mais vulneráveis, como é o caso da população privada de liberdade. Nesse sentido, o estudo busca conhecer as características epidemiológicas e clínicas da tuberculose nos presídios do estado do Rio de Janeiro entre 2017 e 2022.
MétodoEstudo descritivo, retrospectivo de abordagem quantitativa casos de tuberculose ocorridos nas unidades prisionais do estado Rio de Janeiro e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Estado do Rio de Janeiro (SINAN-RJ) entre 2017 a 2022. As variáveis estudadas foram sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, condições associadas, formas de tuberculose, perfil de resistência a antimicrobianos, evolução dos casos. Foram utilizados os softwares Excel®2019 e Stata 16 para organização, cálculos e análise estatística.
ResultadosEntre 2017 e 2022 foram notificados 10.788 casos de tuberculose nas unidades prisionais do estado do Rio de Janeiro, onde a maior concentração de casos ocorreu no município Rio de Janeiro (86,83%). 98,91% dos casos ocorreu na população masculina, 41,51% eram pardos, 61,36% tinham entre 20 a 29 anos e 39,91% não tinham ensino fundamental completo. Com relação as características clínicas, a maioria dos coinfectados foram classificados como casos novos (77,36%) com maior frequência de tuberculose pulmonar (98,14%); 562 (4,93%) encarcerados tinham concomitância de outra condição de saúde, como HIV (2,94%), diabetes (0,77%), doença mental (0,67%) e outras doenças não especificadas (0,56%); e 31,91% usavam algum tipo de droga. Apenas 0,73% tinham alguma resistência medicamentosa. 1,79% estavam em uso de antirretrovirais até a data de encerramento do caso. 42,79% evoluíram para cura e 16,96% abandonaram tratamento. 81 encarcerados foram a óbito por causa da tuberculose, uma letalidade de 0,75%.
ConclusãoA partir do estudo é possível identificar os perfis críticos da tuberculose, sendo notório a necessidade ações abrangente e integrada no ambiente carcerário como ofertar rastreamento adequado com busca de sintomáticos respiratórios e oferta de exames diagnósticos para que haja detecção precoce e tratamento oportuno e assim barre a cadeia de transmissão.