O Brasil é a nação onde encontra-se, em número absoluto, os maiores índices de indivíduos portadores do vírus HTLV. Até o momento, quatro subtipos de vírus são conhecidos, sendo o HTLV tipo 1 e tipo 2 os mais significativos em termos de epidemiologia e patogênese. Em escala global, o HTLV-1 é o principal responsável por infecções em humanos e está intimamente relacionado à ocorrência de várias doenças. O presente estudo objetivou descrever o perfil epidemiológico dos casos notificados de infecção causada pelo vírus T-linfotrópico humano (HTLV) no estado da Bahia.
MétodosTrata-se de um estudo epidemiológico observacional e retrospectivo, realizado no estado da Bahia, em que foram selecionados todos os casos de HTLV notificados entre 2010 e 2019 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
ResultadosEvidenciou-se predominância de aumento no número de casos notificados por ano no período analisado, com exceção de 2011 e 2014 que apresentaram redução de 13,2% e 14,08%, respectivamente, em relação ao ano anterior. As notificações compreenderam 106 casos de infecção em 2010, 92 em 2011, 119 em 2012, 162 em 2013, 142 em 2014, 330 em 2015, 365 em 2016, 436 em 2017, 612 em 2018 e atingiu 682 em 2019. A cidade de Salvador (39,3%) registrou a maior prevalência do estado seguida por Vitória da Conquista (10%). Dos 3.452 casos registrados de todos os subtipos de infecções causadas pelo HTLV nesse período, 75,6% eram do sexo feminino, 44,6% eram pessoas de pele parda e 32,4% tinham idade entre 20 e 34 anos. Observou-se também que a confirmação diagnóstica pelo método laboratorial foi realizada em 49,7% dos casos e um elevado percentual de dados classificados como ignorado/branco em todas as variáveis analisadas.
ConclusãoA Bahia tem a maior taxa de infecção do vírus HTLV no Brasil, sendo a capital baiana, Salvador, que demostra o maior predomínio de casos registrados, sendo o sexo feminino, a pele parda e os adultos jovens que não concluíram a educação básica são os grupos que apresentam as maiores prevalências do vírus, por conta da maior facilidade de transmissão sexual do HTLV-1 no sentido homem-mulher e o aumento de anticorpos anti-HTLV com o acréscimo da idade. Além disso, infere-se um número expressivo de ignorados/em branco que alerta para a necessidade de melhorias no manejo da população.