Internações de pacientes com HIV permanecem elevadas apesar da terapia antirretroviral(TARV) disponível. O atraso diagnóstico ou a falha de adesão propiciam infecções oportunistas com necessidade de internação. O estudo foi realizado para conhecer o perfil clínico/epidemiológico dessas internações em uma enfermaria especializada.
MétodosEstudo retrospectivo descritivo dos pacientes com infecção pelo HIV internados na enfermaria de Infectologia do Hospital de Base de janeiro/2017 a janeiro/2020. Dados pesquisados em prontuários: momento do diagnóstico, sexo, idade, contagem de linfócitos TCD4(CD4), carga viral do HIV (CVHIV), doenças oportunistas, comorbidades, coinfecções, TARV, mortalidade e indetecção da CVHIV em 6 meses. Informações transcritas em formulário GoogleForms obtendo-se resultados em percentuais e gráficos.
Resultados201 pacientes, 65,2% diagnóstico prévio; 73,6% sexo masculino; 59,3% de de 18-40 anos, 22,9% de 41-50 anos,13,4% de 51-65 anos. 37,2% CD4 menor que 50 células/mm3, 38,2% 50 a 200 células/mm3 e 24,6% acima de 200 células/mm3. Quanto à CVHIV, 8,2% apresentavam maior que 1.000.000 de cópias/ml, 29,6% entre 100.000 a 1.000.000 cópias/ml, 32,1% 1.000 a 100.000 cópias/ml, 28,1% menor que 1.000 cópias/ml. Diagnosticou-se neurotoxoplasmose em 28,1%, pneumocistose em 19,9%, citomegalovirose em 13,5%, neurocriptococose em 9,4%, candidíase esofágica em 8,2%, leucoencefalopatia multifocal progressiva em 7,6%. Coinfecção com hepatite B em 5,2%, hepatite C 7% e sífilis 33%. 41,7% apresentaram hipertensão arterial sistêmica, 17,4% doença renal crônica e 16,5%. 87,8% usaram tenofovir, 95,9% lamivudina, 53,3% dolutegravir, 18,8% raltegravir e 13,7% darunavir. Mortalidade de 15,9%, 56,3% em até 2 semanas da internação. 54,2% apresentaram sequelas, 22% motoras. Na avaliação em 6 meses, 66,5% tinham CVHIV indetectável.
ConclusãoA maioria dos pacientes era do sexo masculino, entre 18 e 40 anos, com diagnóstico prévio, CD4 entre 50 e 200 células/mm3 e CVHIV entre 1.000 e 100.000 cópias/ml. Neurotoxoplasmose foi a infecção oportunista mais prevalente, seguida de pneumocistose, citomegalovirose, candidíase esofágica e neurocriptococose. Coinfecção com sífilis foi encontrada em um terço dos pacientes. A TARV mais utilizada continha tenofovir, lamivudina e dolutegravir. Mais da metade dos óbitos ocorreram em até 2 semanas da internação. Mais de dois terços dos pacientes reavaliados após 6 meses apresentaram CVHIV indetectável.