XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoPopularmente conhecida como varíola dos macacos a monkeypox (MPOX) é uma zoonose ocasionada por um Orthopoxyvirus (OPXV) que teve seu primeiro caso descrito em humanos na República Democrática do Congo em 1970, tornando-se posteriormente endêmico em países da África Central e Ocidental. Em maio de 2022 foi relatada a detecção em vários países não endêmicos onde não se tinham ligações epidemiológicas conhecidas e o número de casos continuou a aumentar com a contínua transmissão em todo o mundo, no Brasil o primeiro caso foi confirmado em junho de 2022, logo após foi instituída a vigilância de rotina dos casos suspeitos. Diante disto, este estudo objetivou descrever a prevalência, as características epidemiológicas e clínicas dos casos confirmados de MPOX no Estado do Pará.
MétodosPara isso, foram analisadas amostras de swab de lesão coletadas de casos suspeitos e que deram entrada no Laboratório de Enterovírus (LEV) do Instituto Evandro Chagas (IEC) que atua como referência laboratorial para o Monkeypox no Estado do Pará no período de julho de 2022 a junho de 2023. Foi realizado o levantamento e tabulação das informações epidemiológicas e clínicas dos casos, após isso as amostras foram extraídas e testadas por Reação em Cadeia mediada pela Polimerase em tempo real (qPCR) utilizando oligonucleotídeos e sondas específicas para detecção de MPOX.
ResultadoDas 284 amostras recebidas 45,8% (130) foram confirmadas, onde 95% (124) pertenciam a pacientes do sexo masculino tendo o grupo etário de 20 a 29 anos com 86% (61) dos casos. Os sintomas mais comuns relatados foram febre (78,4%), lesão cutânea (62,3%), cefaléia (60%) e adenomegalia (38,4%). Dos pacientes positivos 86% (112) se enquadram no grupo de homens que fazem sexo com homens, 52% (68) são pessoas que vivem com HIV e 18% (24) possuem alguma infecção sexualmente transmissível ativa, sendo a sífilis a mais prevalente com 91,6% (22) dos casos. Foi registrado a hospitalização e posterior óbito de um paciente que vivia com HIV e possuía sífilis ativa.
ConclusãoDiante disto, pode-se avaliar que o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes no Estado do Pará se assemelha com os descritos em literatura em todo o mundo, logo, torna-se fundamental a vigilância epidemiológica deste patógeno uma vez que atual e rápida disseminação e evolução do MPOX não têm precedentes e representa uma ameaça contínua à saúde pública.