A tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Os órgãos mais comumente afetados são os pulmões. Entretanto, M. tuberculosis pode acometer qualquer órgão ou tecido. No sistema nervoso central causa meningite crônica, acometendo, principalmente, indivíduos imunodeprimidos.
ObjetivoAvaliar as alterações liquóricas e o uso do Teste Molecular Rápido (TRM-TB) para o diagnóstico da Meningite Tuberculosa (MTB), em pacientes internados em um hospital no Nordeste do Brasil.
MétodosEstudo transversal de pacientes com MTB diagnosticados entre 2010 a 2018, no Hospital São José de Doenças Infecciosas, em Fortaleza-CE. Resultados: No período do estudo 51 casos de MTB foram diagnosticados no HSJ. Entretanto, foram incluídos no estudo 43 pacientes com MTB. Homens foram os mais acometidos (76,7%). A mediana de idade de 32,6 anos [IIQ: 26-44] e do tempo de sintomas de 19 dias [IIQ: 14-39]. Coinfecção pelo HIV foi observada em 79,6% dos casos. A mediana das células totais no líquor foi de 307 céls/mm3 [157-557], da porcentagem de linfócitos de 60% [23-77], da porcentagem de neutrófilos de 32% [14-72], da proteinorraquia 168 mg/dL [104-200], da glicorraquia 30 mg/dL [22-43]. M. tuberculosis foi isolado em 98,5% (n = 36/37) das culturas do LCR, e identificado em 73% (n = 19/23) das amostras no TRM-TB. Os dois métodos foram realizados simultaneamente em 17 pacientes, e em 12 pacientes os testes foram positivos. A sensibilidade do TRM-TB foi de 75%. Apenas um paciente apresentou resistência à rifampicina no TRM-TB.
ConclusãoAs alterações liquóricas observadas nos pacientes deste estudo são inespecíficas no contexto de meningite crônica. O uso do TRM-TB pode garantir um acesso rápido ao diagnóstico de MTB, e tem papel importante na identificação de isolados bacterianos com resistência à rifampicina. Apesar disso, a cultura segue sendo o padrão ouro para o diagnóstico e para determinar o perfil de susceptibilidade das cepas.