XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO número de casos de COVID-19 reduziu, entretanto, o vírus continua causando infecções. Dessa forma, em países onde a tuberculose é endêmica, pode ocorrer uma coinfecção com a COVID-19, que, de acordo com a literatura, pode aumentar as taxas de morbimortalidade, mas não há dados sobre a população Brasileira em pacientes internados em unidades hospitalares. Conhecer as características clínicas e a frequência dos desfechos de pacientes coinfectados com COVID-19 e tuberculose pode ajudar na identificação precoce e no manejo de pacientes internados com essas afecções.
ObjetivosComparar as manifestações clínicas e os desfechos da COVID-19 entre pacientes com infecção ativa por tuberculose.
MétodosTrata-se de um caso-controle, pareado, baseado em dados do Registro Brasileiro de COVID-19, com pacientes com 18 anos ou mais de idade internados por COVID-19 confirmada laboratorialmente no período de 1° de março de 2020 a 31 de março de 2022. Os casos foram selecionados pelo levantamento de pacientes coinfectados com COVID-19 e tuberculose ativa e os controles eram pacientes com COVID-19 sem tuberculose ativa. Os grupos foram pareados na proporção de 1:4 por idade, sexo, número de comorbidades, diagnóstico prévio de infecção por HIV e hospital de admissão. Os desfechos primários foram necessidade de ventilação mecânica, necessidade de diálise e mortalidade intra hospitalar.
ResultadosDos 13.636 pacientes diagnosticados com COVID-19, 36 também apresentavam tuberculose ativa (0,0026%). Fibrose pulmonar (5,6% vs 0,0%, p = 0,044), abuso de drogas ilícitas (30,6% vs 3,0%, p < 0,001), alcoolismo (33,3% vs 11,9%, p = 0,002) e tabagismo (50,0% vs 9,7%, p < 0,001) foram mais comuns entre os pacientes com tuberculose quando comparados aos controles. Sobre os sinais e sintomas, encontrou-se uma maior frequência de náuseas e vômitos (25,0% vs 10,4%, p = 0,031) entre os casos. Não houve diferenças significativas na mortalidade intra-hospitalar (8,6% vs 13,5%, p = 0,572), necessidade de diálise (0,0% vs 3,8%, p = 0,585%) e de ventilação mecânica (5,7% vs 19,5%, p = 0,051).
ConclusãoPacientes com tuberculose apresentaram maior frequência de fibrose pulmonar, abuso de drogas ilícitas, alcoolismo, tabagismo atual, náuseas e vômitos. Os desfechos primários foram semelhantes entre os grupos. Isso pode ser explicado pelo pequeno número de pacientes com tuberculose ativa e pela intervenção médica precoce feita em pacientes com tuberculose ativa.