XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoO presente relato aborda um caso de um homem, 29 anos, sem comorbidades, com história de infecção de pele e partes moles em lesão traumática cortocontusa na mão direta, em Zona V e VI de Eaton, após dois dias da execução de um golpe na cavidade oral de um indivíduo. Na admissão, o paciente encontrava-se febril, dor intensa, com edema e eritema local. A ultrassonografia da mão direita mostrou espessamento da tela subcutânea e pequena coleção líquida (2,1 cm x 0,5 cm x 0,4 cm) de natureza inflamatória e infecciosa. A análise microbiológica da amostra mostrou crescimento de Actinomyces odontolyticus. Iniciou-se a antibioticoterapia empírica inicial com Clindamicina. No entanto, o paciente evoluiu com piora local e drenagem espontânea da ferida. Realizou-se uma Ressonância Magnética da mão e observou-se intensa sinovite articular, extenso edema subcutâneo e líquido na bainha dos tendões extensores, sugerindo tenossinovite pós-traumática e uma lesão óssea com provável coleção. Contudo, escalonou-se para o esquema com Daptomicina e Ampicilina-Sulbactam e indicou-se abordagem cirúrgica do foco infeccioso, na qual realizou-se tenólise em túnel osteofibroso dos extensores, desbridamento dos tecidos desvitalizados, limpeza cirúrgica exaustiva com lavagem copiosa da lesão e colheita de culturas e material ósseo para anatomia patológica. Após dez dias de antibioticoterapia otimizada e resolução do foco infeccioso, o paciente foi transferido para cuidados domiciliares com uso de medicação oral em regime prolongado. Um mês após concluir o tratamento, o paciente retornou apresentando melhora clínica, com recuperação funcional, ausência de dor e edema local. Ainda que pouco frequentes, a bactéria Actinomyces odontolyticus tem grande potencial como agente de graves infecções de feridas e a avaliação do perfil de sensibilidade e as medidas de controle do foco infeccioso é um importante dilema na prática clínica.