14° Congresso Paulista de Infectologia
More infoO vírus da dengue (DENV1 a 4) é atualmente o arbovírus mais importante que afeta os seres humanos. Sabe-se que a dengue é endêmica em muitas regiões tropicais e subtropicais do Brasil, especialmente na Amazônia Ocidental (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima), onde frequentemente ocorre surtos epidêmicos. Entre os grupos populacionais mais susceptíveis às complicações e à evolução para as formas mais graves da dengue estão as gestantes e puérperas. Para as mães acometidas pelas formas mais graves da doença, há maior risco de choque, hemorragias e óbito.
ObjetivoO presente trabalho objetivou analisar os casos de dengue em mulheres gestantes ocorridos na Amazônia Ocidental, em 2023, de acordo com variáveis sociodemográficas e relacionando ao desfecho de evolução dos casos.
MétodoEstudo transversal, quantitativo e descritivo através da coleta de dados do Sistema de Internação Hospitalar por Dengue no ano de 2023 nos estados que compõe a Amazônia Ocidental registrados no DATASUS. Analisaram-se as variáveis sociodemográficas: idade, idade gestacional, raça/cor e distribuição por UF; evolução: cura ou morte. Realizou-se análises descritivas da amostra e regressão logística multivariada ajustadas para as variáveis sociodemográficas. O nível de significância adotado foi de 5% através do Minitab®.
ResultadosA população foi de 191 gestantes acometidas com dengue na Amazônia Ocidental no ano de 2023. O estado de Rondônia foi o mais acometido, com 35% dos casos, seguido de Amazonas (32%), Acre (30%) e Roraima (2,09%). A análise descritiva da amostra revela que a faixa etária de 20-39 anos foi a mais prevalente (73%), assim como o segundo trimestre de gestação representou o maior acometimento dessa população (29%), bem como, 63% dos casos evoluem para cura ainda no período gestacional. Houve maiores chances de óbito no terceiro trimestre de gestação em relação ao primeiro e segundo (45% vs. 21%, OR = 2,98, IC95% 1,29-6,88).
ConclusãoA análise revela que o risco de óbito aumenta significativamente no terceiro trimestre de gestação, principalmente na população indígena, destacando a necessidade de estratégias específicas de prevenção e manejo para gestantes em regiões endêmicas. Além disso, ressalta a importância de estudos prospectivos para acompanhar os desfechos, apesar da evolução para cura durante a gestação em áreas endêmicas.