XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA coinfecção Leishmania-HIV é considerada doença emergente de alta gravidade em várias regiões do mundo. É notável a maior taxa de gravidade, mortalidade e prevalência da Leishmaniose Visceral Humana em pessoas vivendo com o HIV, explicada pela simbiose na fisiopatologia de ambas as infecções. O tratamento efetivo destes pacientes, especialmente nos quais a infecção por Leishmania se dá de forma persistente ou recidivante, é desafiador, e hoje já discute-se tratamento duplo com Miltefosina e Anfotericina para estes. O caso a seguir tem como objetivo discutir outras possibilidades de tratamento das formas recidivantes. Trata-se de paciente do sexo feminino, 54 anos, procedente de Petrolina-PE. Possuía o diagnóstico de portadora do vírus do HIV desde 2007 e de Síndrome de Sjogren. Em 2013, apresentou astenia, febre e perda ponderal, quando recebeu o primeiro diagnóstico de Leishmaniose Visceral através de exame sorológico e realizou tratamento com Glucantime durante 20 dias. Entretanto, necessitou de mais 3 ciclos de tratamento nos dois anos subsequentes, até 2015. Procurou novamente o serviço de saúde em 2018 por recaída dos sintomas, quando foi realizado mielograma com evidência de invasão medular por Leishmania, e foi novamente internada para realizar tratamento com Anfotericina Lipossomal. Mesmo após essa ocasião, precisou repetir esquema terapêutico por cerca de 7 outras vezes, ainda que mantivesse profilaxia com Anfotericina a cada 15 dias entre estes. Evoluiu com falha imunológica importante e contagem de TCD4 = 46, mantendo sintomas constitucionais. Após a última recidiva em 2022, paciente procura serviço especializado para adequação de esquema terapêutico. Proposto, na ocasião, terapia dupla com Anfotericina B Lipossomal e Glucantime durante 20 dias em regime hospitalar – devido contraindicação à biterapia com Miltefosina pelo diagnóstico de Sjogren. Foram realizados controles eletrocardiográficos e laboratoriais no período, sem alterações significativas. Na alta hospitalar, seguiu em uso de profilaxia com Anfotericina B Lipossomal quinzenal e acompanhamento ambulatorial, apresentando boa resposta imunológica após esquema de TARV proposto. A resposta clínica ao tratamento em biterapia com Glucantime e Anfotericina para o paciente HIV com forma recidivante foi satisfatória para controle sintomático, reforçando que esquema pode ser possível – sendo necessários estudos clínicos para comprovação de eficácia.