XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA Hanseníase é uma doença infecciosa, causada pelo Mycobacterium leprae, com diversas expressões clínicas, marcada pelo acometimento da pele e do sistema nervoso periférico. A Hanseníase é considerada uma doença negligenciada, devido a sua forte associação com condições socioeconômicas precárias. É endêmica no Brasil e possui notificação compulsória, feita após diagnóstico clínico. Sendo uma doença de notificação compulsória, este trabalho visa analisar os registros no Nordeste do Brasil sob a perspectiva comparativa entre os quinquênios 2012-2016 e 2017-2021.
MétodosTrata-se de um estudo ecológico de série temporal, com dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, sobre o acompanhamento de dados de hanseníase no Brasil. Foram aplicadas as seguintes opções de busca: ano de notificação, região de notificação e unidade da federação. As taxas foram calculadas com informações do Estudo de Estimativas Populacionais.
ResultadosO Nordeste é a região do país com maior número de casos de hanseníase, um total de 146.014 notificações, sendo 79.350 delas no quinquênio 2012-2016 e 66.664 delas no quinquênio 2017-2021. Ao analisar as taxas de notificações, é possível notar uma tendência de queda ao longo dos anos, com uma taxa de 31,08 casos/100 mil habitantes em 2012, enquanto em 2019 essa taxa correspondia a 26,64. No biênio 2020-2021, é possível notar uma discrepância com relação às tendências, visto que houve queda acentuada (17,35 e 18,94/100 mil habitantes, respectivamente).
ConclusãoA tendência de quedas gradativas ao longo dos anos de notificações de casos de hanseníase no Nordeste segue os padrões nacionais, que fizeram com que os parâmetros de endemicidade do país mudassem de alto para médio. É imprescindível o impacto da Atenção Básica com relação ao rastreio e tratamento dos pacientes, quebrando assim a cadeia de transmissão da doença. Contudo, a literatura aponta que as quedas registradas no biênio 2020-2021 não indicam um cenário epidemiológico positivo na região, tendo em vista a importante subnotificação provocada pela pandemia de COVID-19. Dessa forma, os pacientes infectados não recebiam o eficaz tratamento e acompanhamento clínico, resultando uma maior taxa de transmissão, de evolução clínica da doença e mau prognóstico.