XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA mpox emergiu em 2022 como problema global, incluindo o Brasil. A maioria dos casos vem se concentrando em homens cis gays sexualmente ativos (HSH). Apesar de disponibilizada a vacinação específica incluindo pessoas em uso de PrEP do HIV, as coberturas vêm se mantendo baixas. A hesitação vacinal é um fenômeno social emergente no Brasil, amplificado nos últimos anos. Delimitar conceitos prevalentes em grupos específicos é fundamental para a elaboração de estratégias de comunicação efetivas para minimizar o problema.
ObjetivoIdentificar os principais motivos de não vacinação contra mpox em homens gays brasileiros.
MétodosUtilizou-se um questionário online com perguntas fechadas. Foram selecionados indivíduos que se declararam HSH e fazem uso de PrEP do HIV. O questionário incluiu informações demográficas e, para os que declararam não vacinados, uma lista de itens para serem identificados (sim ou não) como motivos de não vacinação e depois classificados em ordem de importância. Ao fim do preenchimento, informações sobre a vacina contra mpox foram disponibilizadas.
ResultadosEntre janeiro e maio de 2023, foram incluídos 237 indivíduos que preencheram os critérios de inclusão. A idade variou de 18 a 54 anos, com mediana de 32. A maioria residia no RJ (35%) e SP (21%) e declarou ser de cor branca ou parda (37% cada). Não tomaram a vacina 132 indivíduos (57%). As cinco razões para a não adesão mais frequentes foram desconhecer o local de oferta da vacina (76%), desconhecer a disponibilidade da vacina (76%), acreditar que se trata de uma vacina experimental (50%), acreditar que não está sob risco (50%) e dúvida sobre efeitos adversos (50%). Entre os que escolheram mais de um motivo (92%), o identificado como mais importante foi dúvida sobre efeitos adversos (50%). Apenas um indivíduo declarou não acreditar em vacinas no geral, o único que informou não desejar receber a vacina após a leitura das informações disponibilizadas.
ConclusõesApesar de se tratar de uma amostra pequena, pode-se concluir que os canais de informação em saúde para HSH, a respeito de mpox e sua prevenção, ainda sejam inefetivos para uma significativa parcela de HSH da região sudeste do Brasil, o que pode justificar a baixa cobertura vacinal contra mpox nesse estrato populacional. A hesitação vacinal deve ser estudada mais detalhadamente com foco em vacinas e grupos de pessoas específicos e não só como representação social contra a vacinação em geral.