A mielite transversa (MT) geralmente é desencadeada por uma reação autoimune, devido a infecções e, possivelmente, vacinas. Na pandemia atual, há alguns relatos de casos que demonstram uma associação temporal entre a MT e a vacina COVID-19. Em seguida, pretendemos relatar um caso de MT com associação temporal com a vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AZD1222, Oxford / AstraZeneca) em um hospital público brasileiro.
Descrição do casoUma mulher de 27 anos começou com febre, dor lombar e retenção urinária três semanas após a primeira dose da vacina ChAdOx1 nCoV-19. Dois dias depois, teve diminuição da força de membros inferiores associada a parestesias de extremidades distais. No hospital, houve progressão da fraqueza associada à anestesia em T4-L1. Na ressonância magnética, houve achados sugestivos de desmielinização e inflamação aguda. A análise do LCR mostrou pleocitose monomorfonuclear, aumento da proteína e diminuição da glicose. A coloração de Gram, a pesquisa de bandas oligoclonais, aquaporina-4 e triagem para agentes infecciosos e doença do tecido conjuntivo foram todas negativas. Durante o tratamento, ela recebeu 5 dias de pulsoterapia com metilprednisolona, aciclovir e sete sessões de plasmaférese. Apesar de todos os tratamentos, ela persistiu com plegia de membros inferiores, arreflexia e anestesia ao nível de T4. Recebeu alta com plano mensal de ciclofosfamida e acompanhamento ambulatorial.
ComentáriosNa ausência de outras causas, o diagnóstico de MT foi feito com evidências de uma possível associação temporal com a vacina ChAdOx1 nCoV-19. É importante enfatizar que é apenas uma associação temporal e os benefícios da vacinação continuam a superar o risco da MT.