Com o surgimento da pandemia causada pelo SARS-CoV-2, tornou-se urgente entender a fisiopatologia e interação deste, com outros patógenos em diferentes situações clínicas. Identifica-se lacuna na literatura, pois não há estudos que elucidem a ocorrência de infecção e a excreção oral do novo Coronavírus e de Herpesvírus humanos na população infantil em TRS.
ObjetivosVerificar a soroprevalência e excreção oral do SARS-CoV-2 e dos Herpesvírus em uma coorte de crianças com doença renal crônica em terapia renal substitutiva.
Material e métodoCoorte prospectiva desenvolvida no Serviço de Nefrologia Pediátrica do Hospital São Paulo - UNIFESP. A população do estudo é constituída por todos os indivíduos em tratamento dialítico na instituição e um acompanhante. Serão acompanhados por 12 meses e serão coletadas amostras de saliva e sangue, do paciente e de seu acompanhante, em 5 momentos: T0 (inicial), T1 (30 dias), T2 (3 meses), T3 (6 meses) e T4 (12 meses). As amostras biológicas serão armazenadas em freezer à - 80 °C. Posteriormente, serão analisadas por reação da Polimerase em cadeia (RT-PCR) para detecção dos vírus de interesse.
Resultados preliminaresAté o momento, foram incluídas 9 crianças e adolescentes em hemodiálise, e realizadas as coletas de sangue e saliva dos momentos T0, T1 e T2. Os participantes apresentam, em média, 11 anos de idade. Em relação ao sexo, 6 (66,6%) são do sexo masculino e 3 (33,3%) feminino. A sorologia para SARS-CoV-2 apontou 9 (100%) com resultado não reagente no T0, e 8(%) no T1. No (T1) 1 participante apresentou sintomas de COVID-19, com resultado reagente para PCR de secreção de nasofaringe. Em relação ao acompanhante, todos eram do sexo feminino, com média de idade de 37 anos; 7 apresentaram resultado não reagente e 2 (22,2%) reagente na sorologia para SARS-CoV-2 (T0).
ConclusãoOs resultados apontam a importância de conhecer o status sorológico, a fim de proporcionar maior segurança em saúde para os envolvidos no tratamento (pacientes, acompanhantes e equipe multidisciplinar). Além disso, os achados poderão propor e mudar protocolos assistenciais, de prevenção e controle de infecção, estabelecer escore de risco, visto que se trata de uma população de maior risco e gravidade. Vale destacar o impacto social que medidas de prevenção e controle de infecção baratas, de fácil e imediata implantação no SUS, podem trazer à qualidade de vida, qualidade do cuidado, sobrevida do paciente e para a segurança em saúde.