As meningoencefalites virais, pelo risco de morbimortalidade requerem agilidade no reconhecimento e início do tratamento empírico precoce. Valores encontrados na análise do líquor direcionam o tratamento, bem como os achados e alterações evidenciados em exames de imagem. O painel multiplex viral lança luz à detecção rápida e com elevada especificidade, possibilitando ampliar a detecção de outros agentes virais como causa etiológica de quadros neurológicos decorrentes de infecção viral. Quando valorizar?
ObjetivoLevantar discussão acerca do diagnóstico etiológico de meningoencefalite viral atendida em serviço de referência em infectologia do estado do Rio Grande do Norte. Paciente fez uso de Aciclovir e apresentou melhora clínica parcial, mantendo sequelas comportamentais, desorientação têmporo-espacial, amnésia anterógrada e movimentos mioclônicos em dimídio direito, apesar do tratamento direcionado ao HSV-1. Em painel viral multiplex (líquor) do 22° dia de evolução do quadro e após 14 dias do início do tratamento antiviral revelou-se amplificação de EBV através de alta fluorescência e CT na curva correspondente, sem detecção de outros vírus na amostra. Assim, lança-se a hipótese mais provável de etiologia do quadro pelo EBV, apesar de menos comumente responsável por quadros como o da paciente de 49 anos, imunocompetente. Discute-se a possibilidade de que diagnósticos antes considerados indeterminados podem ser elucidados com as novas técnicas moleculares de elevada especificidade e sensibilidade, permitindo agilidade em terapias direcionadas.
MétodoRevisão de prontuário do internamento, total de 28 dias, e do prontuário do seguimento horizontal/ambulatorial. Revisão de literatura extensa sobre diagnósticos diferenciais das meningoencefalites virais e análise molecular (painel viral Multiplex) em bases de pesquisa como Cochrane, Science Direct, PubMed.
ResultadosA revisão do caso permitiu discussão em centros de estudos do serviço, a fim de melhorar a rapidez na implementação de tratamento empírico, a discussão sobre descalonar tratamentos após exames confirmatórios (análise liquórica e diagnóstico molecular), ampliar gama de diagnósticos diferenciais entre as encefalites e análise crítica sobre os insumos disponíveis.
ConclusãoDiante das terapias imunobiológicas, transplantes de órgãos sólidos e mesmo em imunocompetentes, é necessário atentar para possíveis mudanças no perfil de diagnóstico etiológico das meningoencefalites virais, principalmente por dispormos de técnicas moleculares.