A toxoplasmose pode ser transmitida por três diferentes estágios de desenvolvimento: via oral pela ingestão de bradizoítos dentro de cistos teciduais (infecções transmitidas por carne), esporozoítos dentro de oocistos esporulados (oocistos infecções ambientais) e não orais por taquizoítos ou estágios de bradizoítos em transplantes congênitos, de órgãos sólidos, transplantes de células-tronco hematopoiéticas, hemotransfusões e acidentes laboratoriais (Bahia-Oliveira et. al 2017). A importância epidemiológica relativa da transmissão de T. gondii a humanos por oocistos permanece desconhecida para a maioria das populações endemicamente infectadas (Shapiro et al 2019). No entanto, surtos de toxoplasmose revelaram a importância da transmissão de oocistos de T. gondii para pessoas em todo o mundo (Teutsch et al., 1979; Benenson et al., 1982; Coutinho et al., 1982; Bowie et al., 1997; de Moura et al., 2006; Vaudaux, et al. 2010; Ekman et al., 2012 Minuzzi et al., 2021). Vários surtos transmitidos por oocistos, com água ou produtos implicados como fonte comum de exposição, foram relatados no Brasil (Pinto-Ferreira et. al 2019).
ObjetivoEm fevereiro de 2019, clínicos e hospitais de São Paulo, Brasil, notaram um maior número de toxoplasmose aguda grave em pacientes imunocompetentes e uma rede de laboratórios privados na cidade também observou um aumento no número de sorologias de imunoglobulina IgM positivas para toxoplasmose. Esta situação foi informada à vigilância epidemiológica local (COVISA/SP) que identificou dois surtos de toxoplasmose de origem alimentar ocorridos de fevereiro a abril de 2019. Relatamos aqui a reatividade de uma proteína recombinante (CCp5A) de oocisto/esporozoíto de T. gondii em amostras de soro de conveniência que foram investigados sob a perspectiva de uma rede integrada de vigilância.
MétodoA presença de anticorpos contra CCp5A (antígenos de esporozoítos de T. gondii) foi avaliada por ELISA em amostras de soro de pacientes de um surto de Toxoplamose em SP.
ResultadosForam coletadas 28 amostras de soro de pacientes com diagnóstico de toxoplasmose aguda. Das 28 amostras de soro analisadas, 82% foram positivas para IgG-CCp5A. Todos os pacientes com RC apresentaram anticorpos positivos contra CCp5A.
ConclusãoOs dados apresentados mostram uma nova modalidade de sorologia, indicando uma provável origem do surto através de infecção por ingestão de oocistos. Todos os casos de doença ocular foram positivos para o anticorpo anti CCp5A.