Journal Information
Vol. 22. Issue S1.
11° Congresso Paulista de Infectologia
Pages 98-99 (December 2018)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 22. Issue S1.
11° Congresso Paulista de Infectologia
Pages 98-99 (December 2018)
EP‐126
Open Access
MENINGITE CAUSADA POR VÍRUS VACINAL DA FEBRE AMARELA: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Visits
7182
Ruan de Andrade Fernandes
Instituto de Infectologia Emílio Ribas, São Paulo, SP, Brasil
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
Full Text

Data: 19/10/2018 ‐ Sala: TV 4 ‐ Horário: 10:51‐10:56 ‐ Forma de Apresentação: E‐pôster (pôster eletrônico)

Introdução: A febre amarela é uma doença potencialmente fatal prevenível através de uma vacina de vírus vivo atenuado. Embora segura e eficaz, a vacina está associada a relatos esporádicos de eventos adversos graves, inclusive manifestações neurológicas como meningoencefalite, encefalomielite aguda disseminada ou síndrome de Guillain‐Barré.

Objetivo: Relatar um caso de meningite como manifestação única de doença neurotrópica que caracterizou um espectro mais brando dessa entidade clínica, pouco descrita em estudos prévios.

Metodologia: Homem, 66 anos, hipertenso, procedente de São Paulo, foi admitido em hospital de referência em doenças infectocontagiosas. Negava viagens ou uso de imunossupressores. Relatou apresentar febre, não diária, associada a mialgia, vertigem e astenia com início sete dias após receber imunização para febre amarela pela primeira vez. Havia dois dias da admissão e 26 dias após receber a vacina evoluiu com cefaleia intensa frontoparietal, sem fotofobia ou vômitos. O exame neurológico e a avaliação laboratorial da admissão não mostravam alterações. No 4ª dia de internação foi submetido a punção liquórica que evidenciou meningite linfomonocitária (47 células/mm3 com 62% linfócitos; proteínas 70; glicose 35), com melhoria de parâmetros liquóricos em nova punção no 10° dia de internação (10 células/mm3 com 92% linfócitos; proteínas 52; glicose 55) sem ser instituído tratamento específico ou corticoterapia. Evoluiu com melhoria progressiva da cefaleia, recebeu alta assintomático com a confirmação de IgM reagente para febre amarela no 2° líquor (enzimaimunoensaio). Não foi feito eletroencefalograma e a tomografia de crânio não revelou alterações inflamatórias ou sinais de desmielinização. Foram afastadas as hipóteses de meningite por enterovírus através de PCR e dengue por Elisa, ambos em líquor. Sorologias para HIV e sífilis foram negativas.

Discussão/conclusão: No caso relatado foi diagnosticada doença neurotrópica através do critério CDC/Acip. A cronologia foi compatível (sete dias após imunização para febre e 26 dias para cefaleia), havia mais de um sinal de doença neurológica (cefaleia febril e pleocitose em líquor) e IgM específico para febre amarela em líquor que sugeria produção intratecal do anticorpo neutralizante. É necessária ampla suspeição em pacientes que desenvolvam sinais e sintomas neurológicos com história de primovacinação recente para febre amarela, de modo a podermos notificar dados fidedignos, compreender o espectro de manifestação da doença e individualizar as indicações da vacina.

Download PDF
The Brazilian Journal of Infectious Diseases
Article options
Tools