A meliodose é causada pela bactéria Burkholderia pseudomallei, um bacilo gram negativo encontrado principalmente no solo do Sudeste Asiático e norte da Austrália. No Brasil, foram identificados casos nos estados do Ceará, Alagoas e Mato Grosso. A doença possui um amplo espectro clínico, variando de infecção de partes moles, formação de abscessos, pneumonia e sepse com evolução fulminante.

OVL, 56 anos, sexo masculino, portador de diabetes mellitus II, morador de Brasília há 30 anos. Iniciou quadro de astenia, febre, vômitos e hiporexia. Referia perda de peso progressiva há quatro meses da admissão e apresentava artrite em joelho direito, abscessos esplênicos e plaquetopenia. Foi iniciada antibioticoterapia empírica com ceftriaxona e oxacilina, porém paciente persistia com febre diária de até 39°C. No 12° dia de internação, evoluiu com tosse produtiva e dispneia importante com dessaturação e necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Progrediu com hipotensão, leucocitose com desvio à esquerda e insuficiência renal aguda. Em duas amostras de hemocultura e na urocultura houve crescimento da bactéria Burkholderia pseudomallei. Paciente evoluiu para o óbito a despeito da terapia antimicrobiana adequada instituída após o diagnóstico de melioidose.

A melioidose é doença sistêmica com manifestações clínicas variadas, desde a forma assintomática à sepse fulminante, podendo causar pneumonia e abscessos pulmonares, hepáticos e esplênicos. É uma doença emergente na América Latina, considerando o aumento de relato de casos ocorridos. A suspeita diagnóstica e a investigação precoce são primordiais para o início da terapia adequada na tentativa de modificar o prognóstico do paciente.