12° Congresso Paulista de Infectologia
More infoIntrodução: A Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LEMP) é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central causada pelo vírus JC, ocorre em imunossuprimidos com níveis de CD4<200 céls. É transmitida principalmente por via inalatória. O quadro clínico é de evolução subaguda, gerando cefaleia, convulsões, déficit motor, sensorial e alteração cognitivo‐comportamental. Alguns dos fatores associados com sobrevida mais prolongada são: uso de TARV, CD4 elevado, baixa carga viral do HIV e apresentação da LEMP como diagnóstico inicial de Aids. No presente caso, a progressão da doença foi rápida, porém uma vez instaurada a TARV e com fisioterapia houve melhora neurológica progressiva.
Objetivo: Relatar caso de um paciente HIV que debutou com LEMP.
Metodologia: Masculino, 68 anos, previamente hígido. Procurou atendimento por quadro súbito de hemiparesia à esquerda, desvio da comissura labial ipsilateral e disartria. Exame da admissão: hemiparesia, hipertonia espástica e hiperreflexia esquerda, sinal de Babinski, ausência de deambulação, lesão em VII e XI par cranianos, afasia, desorientação e labilidade emocional. Tomografia de crânio, sem evidências de lesões isquémicas ou hemorrágicas. Solicitada ressonância magnética, mostrando lesões sugestivas de LEMP. Exames: test rápido HIV reagente, CD4:136 céls e CV:16.192 cópias, CrAg, VDRL e HTLV I/II não reagentes; no líquor: 4 células (100% mononucleares), proteínas 45.4, glicose 57 e PCR JC positivo. Iniciada TARV. Durante a internação evoluiu com disfunção esfincteriana, ataxia e disfagia. Após 32 dias recebeu alta hospitalar em acompanhamento ambulatorial.
Discussão/Conclusão: A LEMP é bastante incomum como primeira manifestação da Aids, assim como sua apresentação de forma aguda e evolução rápida. Neste caso se confirma a importância da realização do diagnóstico do HIV em pacientes com quadros neurológicos, já que a não suspeição desta infecção pode dificultar o diagnóstico e tratamento adequado de certos trastornos neurológicos, aumentando o risco de sequelas permanetes e/ou a mortalidade.