XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose de áreas tropicais e endêmica no Brasil. É uma doença com importante relevância clínica e epidemiológica em todo mundo. Apesar da importante prevalência e morbimortalidade, a LV ainda é uma doença negligenciada, estando especialmente presente no nordeste brasileiro. Este trabalho tem como objetivo descrever a dinâmica dos casos de Leishmaniose Visceral em Alagoas entre janeiro de 2013 a dezembro de 2022.
MétodosTrata-se de um estudo transversal e retrospectivo. As informações foram coletadas com base nos dados de Morbidade Hospitalar do SUS, através do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), disponíveis no DATASUS. Foram analisadas as variáveis no estado de Alagoas, no período de 01/01/2013 a 31/12/2022, com o TabWin usado na tabulação.
ResultadosNo período de 2013 a 2022 foram notificados 515 casos de Leishmaniose Visceral (LV) no estado de Alagoas. Neste período destaca-se a Região de Saúde de Maceió (1° região) com 451 pacientes notificados (87,5%) apesar de apenas 42 pacientes (8,15%) residirem na capital. Houve predomínio do sexo masculino, responsável por 65% deste quantitativo. Com relação à faixa-etária, a mais atingida foi entre 20 a 39 anos (125 casos), seguido por 01 a 04 anos (115 casos). Dentre o total de casos, foi possível verificar evolução favorável com cura documentada em 343 casos (66,6%); os óbitos causados diretamente pela LV compõem 8,7% do total (45 casos). No tocante à coinfecção pelo HIV, foram notificados 25 casos (4,8%), todavia esse dado foi ignorado em 85 pacientes, 16,5% do total de casos notificados.
ConclusãoÉ expressivo o número de casos de Leishmaniose Visceral em Alagoas. Diante dos dados coletados, é possível perceber o acometimento bimodal da doença, atingindo faixas etárias que desempenham importante papel social e econômico. Além disso, chama atenção o baixo índice de cura da doença, sendo evidente ainda a maior prevalência desta no interior do estado. É importante destacar a necessidade do aprimoramento da coleta de dados, visando a construção de informações robustas que auxiliem a organização de políticas públicas, seja para tratamento da Leishmaniose Visceral, ou ainda no acompanhamento de pessoas vivendo com HIV, dado este que foi ignorado em um número considerável de fichas de notificação.