A criptococose é uma infecção fúngica sistêmica, comum em pacientes imunodeprimidos, causada pelo Cryptococcus neoformans, já a leishmaniose tegumentar americana (LTA) é causada por protozoários do gênero Leishmania. Ambas causam lesões polimórficas em pele e mucosas, mas no caso da LT forma cutânea as ulcerações tem bordas elevadas, enduradas e fundo com tecido de granulação. Ambas as doenças são importantes no diagnóstico diferencial de úlceras orais e está recomendada a realização do exame histopatológico para diferenciação. A Anfotericina B lipossomal e o Fluconazol são escolhas no tratamento de ambas as doenças, mas em doses e tempo distintos.
ObjetivoRelatar um caso de coinfecção de Leishmaniose Tegumentar e Criptococose em um indivíduo imunocompetente.
MétodoW.P, 73 anos, homem, trabalhador rural, sem comorbidades, sem supressão imune aparente, consultou em 19/04/2017 por lesão ulcerada em orelha, mão esquerda e mucosa oral há 2 meses portando um resultado de biópsia da lesão oral realizado por um serviço de odontologia mostrando um infiltrado granulomatoso sugerindo Leishmaniose Tegumentar, tendo sido iniciado o tratamento com Anfotericina B lipossomal 250 mg/dia por 12 dias, seguido de remissão das lesões após 30 dias. Em 06/11/17, paciente retorna com nova lesão ulcerada na língua associada a dor local, iniciada há 10 dias. Procedido com nova biópsia apresentando Leishmaniose Tegumentar sendo realizado retratamento com Anfotericina B Lipossomal, seguido de posterior resolução das lesões. Em 06/08/2018, retorna com lesão em mucosa oral e orelha esquerda, locais distintos das lesões anteriores, realizado nova biópsia da úlcera oral com diagnóstico de Criptococose. Realizada revisão das lâminas prévias pelo patologista na qual foi mantidos resultados nas duas primeiras como Leishmaniose e na última como Criptococose, sorologia para Paracoccidioidomicose solicitada com resultado negativo. Realizado tratamento com Fluconazol 450 mg/dia por 8 semanas com cicatrização das lesões.
ResultadosPaciente faleceu após 5 meses do último tratamento de Acidente Vascular Encefálico porém havia consultado 19 dias antes sem lesões de pele ou úlceras orais.
ConclusãoNeste caso, destacamos o relato pela dificuldade em encontrar estudos na literatura sobre ambas as patologias em pele e mucosas em um mesmo indivíduo imunocompetente, e pela importância da reavaliação diagnóstica a cada retorno do paciente com nova lesão, realizando exame histopatológico para definir o diagnóstico e tratamento.