XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA doença de Chagas é um problema de saúde pública em especial de regiões pobres da América Latina, mesmo que movimentos migratórios de áreas endêmicas para regiões ricas, urbanas e desenvolvidas otmailst um desafio no seu combate, sendo preciso uma rede de atendimento capaz de identificar e dar suporte para estes pacientes. Assim, entender como foi constituído o itinerário terapêutico dessas pessoas, enquanto a trajetória percorrida para obter cuidados terapêuticos se torna importante. Deste modo, o objetivo do presente estudo foi identificar os caminhos percorridos em busca do acesso ao cuidado e as possíveis características e contextos que influenciaram essa trajetória entre pessoas acometidas por doença de Chagas.
Métodostrata-se de estudo qualitativo descritivo com 15 pessoas atendidas no complexo-HUPES. A coleta de dados se deu por entrevistas semiestruturadas e gravadas. A análise de dados foi realizada por meio da técnica de análise de conteúdo.
Resultadosa maioria dos entrevistados adentrou diretamente no subsistema profissional de saúde após a percepção da doença pelo aparecimento de sintomas debilitantes. Em paralelo, a saúde pública foi a principal responsável pelo atendimento inicial e diagnóstico. A maior parte das pessoas iniciou o acompanhamento para doença no complexo HUPES e permaneceu ininterruptamente no serviço. Ademais, as principais dificuldades referentes a manutenção da frequência de atendimento foram questões associadas ao deslocamento.
Conclusãonesse estudo, a descoberta da doença de Chagas foi impulsionada pela limitação das atividades laborais devido os sintomas apresentados. Uma vez desenvolvida a percepção de doença, grande parte das pessoas adentrou diretamente no subsistema profissional, sendo que a entrada nos serviços de Saúde Pública, em sua maioria, deu-se nos níveis de atenção secundária e terciária. Ademais, verificou-se que a rede de atenção ligada ao SUS foi a principal responsável pelos diagnósticos e referenciamento para o local de acompanhamento, que ao ser estabelecido, permaneceu o mesmo para a maior parte dos entrevistados. Por outro lado, as questões ligadas ao transporte e locomoção foram as principais dificuldades referidas para a manutenção da assistência, evidenciando a necessidade da criação de uma rede de serviços específicos para a doença de Chagas no interior do estado da Bahia com equipes multiprofissionais de especialistas, tecnologias requeridas ao diagnóstico e tratamento.