XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA Shiguelose é uma doença infecciosa gastrointestinal causada por bactérias gram-negativas não esporuladas. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema de saúde pública, possui ocorrência de 80 milhões de casos e 700.000 mortes por ano, afetando principalmente crianças de países em desenvolvimento. O objetivo do estudo é analisar o perfil epidemiológico das internações por Shiguelose no Brasil no período de 2013 a 2022.
MétodosTrata-se de uma pesquisa transversal, quantitativa, descritiva e observacional, com dados coletados de janeiro de 2013 a dezembro de 2022. Assim, a análise deu-se pelo total de internações por Shiguelose no Brasil. A coleta de dados foi realizada através do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), obtidos da plataforma DATASUS, utilizando os filtros “Região”, “Idade”, "Sexo", “caráter de atendimento”, “gastos hospitalares”, "taxa de letalidade", "Cor/raça" e “ano”.
ResultadosDo total de 1.794 internações por Shiguelose no Brasil, o Nordeste foi a região mais acometida (44,2%), seguido da região Norte, com 21,1%, sendo os anos de 2013, com 406 internações o mais incidente e 2021 com menor índice, com 77 internações, apresentando uma queda de 81% nesse período. Além disso, houve, ao total com gastos hospitalares, o valor de 638.754,18 reais, em que, dentro do caráter de atendimento, 1.697 (94,5%) foram de Urgência. Foi identificado que pardos (60,5%), sexo feminino (51%) e na faixa etária entre 01 e 04 anos, com 374 (17,5%) são as variáveis epidemiológicas mais acometidas. Ademais, os casos mostraram uma letalidade de 1,16%, com a região Sul apresentando-se mais predominante (1,88%), sendo o total de óbitos registrados de 21.
ConclusãoNo Brasil, entre 2013 e 2022, observou-se redução nos números de internações por Shiguelose. A região Nordeste foi a maior em número de casos notificados, porém a maior letalidade foi observada na região Sul. Além disso, nota-se a prevalência de casos em crianças, corroborando com a literatura. Portanto, garantir acesso de qualidade à Atenção Básica de Saúde é essencial para o controle da doença. O estudo apresentou limitações, tanto na subnotificação dos casos, quanto na impossibilidade de relacionar causa e efeito. Desse modo, estudos mais complexos são necessários para mapear essas categorias, com o intuito de desenvolver políticas públicas em saúde no Brasil.