XXIII Congresso Brasileiro de Infectologia
More infoA incorporação da PrEP como política de saúde pública ampliou a testagem de IST no Brasil. O país é um dos mais afetados pela sífilis a nível global, no entanto carece de dados populacionais sobre clamídia (CT) e gonorreia (NG). O ImPrEP foi um estudo que avaliou a implementação da PrEP no Brasil, México e Peru. No Brasil, incluiu 3.928 HSH e TMT. O objetivo desse trabalho é explorar dados relacionados às vulnerabilidades para IST no Brasil entre participantes acompanhados no ImPrEP.
MétodosDe 2018 a 2020, incluímos HSH e TMT ≥ 18 anos, com seguimento até 2021. Exames para IST bacterianas foram coletados na inclusão e trimestralmente (sífilis) ou anualmente (CT/NG). Consideramos todos os participantes do ImPrEP no Brasil com realização de pelo menos um exame para qualquer IST bacteriana (sífilis, CT/NG) durante o estudo. Realizamos análise descritiva das frequências de IST por unidade federativa (UF) e das características sociodemográficas e comportamentais dos participantes.
ResultadosIncluímos 3.478 participantes de 8 UF de todas as regiões do país, com maior concentração no Rio de Janeiro (RJ) (30%) e São Paulo (SP) (27%). Desses, 25% tinham 18-24 anos, 51% eram não brancos, 80% com escolaridade pós-secundária, 96% HSH e 4% TMT. Na inclusão, a prevalência de sífilis foi maior no Distrito Federal (DF) (17%) e no Amazonas (AM) (15.6%), enquanto CT/NG não apresentaram diferenças significativas entre UF. Maior incidência de sífilis foi identificada em Santa Catarina (SC) (15.8/100 pessoas-ano), DF (14.8/100 pessoas-ano) e Bahia (BA) (13.5/100 pessoas-ano). Após iniciar PrEP, 35% dos participantes foram diagnosticados com alguma IST bacteriana, sem associação com a UF de origem. Em SC, participantes reportaram mais frequentemente múltiplas parcerias sexuais (53%), no entanto menos relações anais receptivas sem uso de preservativo (39%). O uso excessivo de álcool foi mais frequente em AM (82%) e BA (80%), enquanto o uso de drogas estimulantes ocorreu mais no DF (35%), SP (24%) e RJ (18%).
ConclusãoNossos achados contribuem para caracterização da prevalência de IST entre usuários de PrEP de diferentes estados brasileiros, trazendo dados inéditos sobre infecção por CT/NG nessa população. Considerando a diversidade territorial e cultural do Brasil, vulnerabilidades distintas podem estar envolvidas na dinâmica de transmissão de IST, e a implementação de políticas públicas de prevenção para o HIV e IST deve ser adaptada às realidades locais.